Expedição vai visitar 20 regiões de cana-de-açúcar no Centro-Sul para elaborar plano de recuperação do setor

Iniciativa é da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul junto da Universidade de São Paulo e resultado será entregue a presidenciáveisToda iniciativa parece válida para salvar um setor que vem enfrentando uma dificuldade após a outra, nos últimos anos. Usinas fechando, produtores com quebra de produção por causa da seca... Nada parece favorecer o setor sucroalcooleiro. No interior de São Paulo, a Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana) vem realizando um mapeamento detalhado de todos os problemas. Não é uma solução, mas pode ser o primeiro passo para um trabalho de recuperação a médio e longo prazo.

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– É zero, para o nosso governo é zero. A gente trabalha pra empatar – protesta o produtor rural Reinaldo Sgariboldi.

Depois vem a seca, a pior dos últimos 40 anos na região de Capivari, interior de São Paulo. A combinação levou o produtor a fazer algo que sempre evitou: empréstimo bancário.

– Pra adubar a lavoura, pra ter esperança o ano que vem. Custeio rural a gente faz, com dinheiro da safra do ano que vem a gente paga – conta Sgariboldi.

E não teve jeito. A quebra foi de 30%, nos 4.500 hectares. Sgariboldi vai colher 270 mil toneladas, 100 mil toneladas a menos em comparação com o ano passado. A região toda de Capivari apresenta o mesmo quadro, a cana não desenvolveu. E foi assim em quase toda região Centro-Sul, a principal região produtora. Em alguns canaviais a perda foi de 50%.

Sem muitas alternativas, o setor vem se virando como pode. Uma expedição foi criada para visitar as 20 regiões mais afetadas do Centro-Sul. O objetivo é primeiro apontar os problemas e depois as soluções que podem ser encaminhadas.

Capivari é a sexta região por onde passa o projeto “Caminhos da cana”, da Orplana, em parceria com a Universidade de São Paulo. Em cada município, os líderes de associações locais são reunidos e convidados a expor a situação local. No fim da viagem vai ser elaborado um documento e entregue aos candidatos à presidência da República.
– É um plano estratégico para Orplana pelos próximos 10 anos, um diagnóstico dos problemas principais da produção de cana e um plano estratégico para o desenvolvimento do setor sucroenergético no Brasil, que pode ser abraçado por qualquer um dos possíveis três presidentes do Brasil – explica Marcos Fava Neves, professor de Estratégia da Faculdade de Administração da USP.

Para as comunidades visitadas a expedição é bem-vinda porque mobiliza o setor.

– Juntos, nós somos muito fortes, mas cada um pro seu lado somos muito vulneráveis, e temos que negociar com os industriais, que são um grupo mais forte que a gente. Com este trabalho, a gente quer mapear quais são os pontos fortes, os fracos, e qual o rumo que temos que tomar para nos manter no setor – diz a presidente da Associação dos Fornecedores de Cana, Maria Christina Pacheco.

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