? O modelo de produção praticado no Brasil é considerado o mais sustentável do mundo no que diz respeito ao cultivo e ao processamento industrial da cana, e se aplica muito bem ao continente africano. Assim como o Brasil, o Zimbábue possui clima e grande disponibilidade de terra para a produção canavieira ? avalia o diretor executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Eduardo Leão de Sousa.
Segundo Sousa, o crescimento na produção de etanol no Zimbábue é vital para o processo de consolidação do mercado internacional de biocombustíveis, o que levará naturalmente à “comoditização” do produto.
Além de importar tecnologia e métodos de cultivo praticados nos canaviais brasileiros, o governo do Zimbábue também estuda criar um marco regulatório para o etanol, misturando inicialmente 10% do combustível renovável à gasolina (E10), medida já adotada no Brasil, onde a mistura varia de 18% a 25%.
Quando estiver em pleno funcionamento, em dezembro de 2012, a maior usina de etanol do Zimbábue deverá produzir 105 milhões de litros por ano do biocombustível a partir do melaço, um subproduto do processamento da cana. Segundo a chancelaria brasileira, a expectativa é que em 2014, a unidade localizada no estado de Chisumbanje, região Sudeste do país, atenda a metade das necessidades de combustíveis do Zimbábue.
O empreendimento, orçado em US$ 600 milhões, é resultado de uma parceria público-privada, que pretende expandir o cultivo da cana na região, dos atuais 12 mil para 40 mil hectares. O novo projeto faz parte de um programa de revitalização da indústria de etanol iniciado em 2008. Com algumas reformas realizadas na usina de Triangle, no distrito de Chiredzi, e a conclusão de mais cinco unidades, o Zimbábue atingirá até 2020 a marca de 260 milhões de litros de etanol produzidos por ano.