Goldenberg, que foi ministro da Educação e secretário do Meio Ambiente no governo Collor, enfatizou, entretanto, que os resultados da exploração do pré-sal devem demorar até 10 anos. Além disso, trata-se de um empreendimento muito caro, disse ele.
? O risco de sucesso quando se abre um poço no pré-sal é maior do que quando se abre um poço em terra firme ou em baixas profundidades, mas, além de a exploração ser cara, entra-se no terreno do desconhecido ? afirmou Goldenberg, ressaltando que os problemas ambientais ainda não foram equacionados e lembrando que esses estudos nunca haviam sido foram feitos.
Goldenberg destacou que o petróleo do pré-sal é diferente do petróleo da Bacia de Campos, porque tem mais carbono e metano misturados e que, no momento em que se retira o material para a superfície, há aumento de carbono.
? O carbono vai acabar sendo taxado e, por isso, o petróleo do pré-sal é diferente, vai ser mais caro.
Além disso, a exploração pode causar problemas ambientais e o licenciamento nesses casos é complicado e demorado.
? Cada coisa diferente que se faz, faz surgir problemas novos. Espera-se que esses problemas possam ser resolvidos, mas há incógnitas pela frente.
Goldenberg, que também foi secretário do Meio Ambiente em São Paulo, reafirmou que a atividade em torno do pré-sal será muito intensa porque, no caso de São Paulo, por exemplo, será necessário ampliar o Porto de São Sebastião, no litoral norte do Estado, e as estradas que dão acesso à cidade.
? É claro que o entusiasmo por ter mais empregos e mais atividade econômica é muito grande, mas tem que ser moderado e com respeito à atividade ambiental.
Além do cuidado com os impactos no meio ambiente, Goldenberg afirmou que é necessário não desviar a atenção das energias renováveis, que são para sempre.
? O petróleo será exaurido e todo o mal que ele fez acaba ficando lá. Com as energias renováveis, essas coisas não acontecem. Há uma euforia exagerada com o pré-sal. Não se pode voltar as costas para o pré-sal, mas temos que ir com prudência nessa exploração ? alertou.
O deputado Antonio Palocci (PT-SP), relator do Fundo Soberano Social que será criado com os recursos obtidos com o petróleo do pré-sal, disse que qualquer governo que entre procurará dar o melhor uso possível a um fundo como esse.
? A nossa preocupação é fazê-lo crescer o máximo possível, no mais longo prazo, para evitar os efeitos negativos que pode ter um recurso de curto prazo, que são os efeitos ambientais, fiscais e cambiais ? afirmou.