Uma das campanhas promovidas pela feira, que reuniu 350 mil pessoas e registrou mais de R$ 1 milhão nas vendas de expositores em 2012 , é a Valorização e Formalização da Cachaça, desenvolvida pelo Centro Brasileiro de Referência da Cachaça (CBRC) e pelo Sindbebidas. O projeto busca reduzir a informalidade na produção de cachaça, que pode gerar consequências negativas à saúde do consumidor, ao meio ambiente e à economia.
Em comunicado, o presidente da CBRC e diretor de marketing da feira, José Lúcio Mendes, afirma que o lucro fácil, as dificuldades de fiscalização e a alegação de que a produção não certificada sustenta pequenos produtores tornam o mercado de cachaça ilegal, “uma atividade extremamente compensadora em Minas Gerais e nos demais Estados do Brasil, e letalmente perigosa para a saúde dos consumidores desavisados, visto que esta produção é feita sem controle sanitário e ao arrepio da lei e das normas legais de produção”. Ele destaca ainda para problemas de concorrência desleal. De acordo com uma pesquisa divulgada pela Expocachaça, o preço médio pago pelos comerciantes informais varia entre R$ 1,20 a R$ 2,80 o litro.
No mercado doméstico, o mercado da cachaça movimenta cerca de R$ 7 bilhões e cresce de 7% a 10% ao ano. O setor emprega 600 mil empregos diretos e indiretos, conta com 40 mil produtores e mais de quatro mil marcas brasileiras. A média de consumo por habitante é de 11,5 litros por ano por habitante, sendo que 70% do consumo é realizado em bares e restaurantes e 30% nos demais pontos de venda. O destilado é o terceiro mais consumido no mundo e corresponde a 87% do market share de destilados no país.
Neste ano, a Expocachaça completa 16 anos e é considerada a maior vitrine do agronegócio da cachaça. De 6 a 9 de junho, Minas Gerais sediou a primeira parte do evento, que conta com duas edições anuais. Com a feira de São Paulo, a organização estima R$ 200 milhões em negócios. A partir desta quinta, dia 5, ocorrerão palestras sobre sustentabilidade de empresas produtoras, tendências de mercado e exportação e produção artesanal.
Cachaça artesanal
Um bom exemplo de produção artesanal de sucesso fica em Jarinú, no interior de São Paulo. A empresa vende para a região de Campinas, Atibaia e para o Mercadão Paulistano. A cachaçaria foi criada em 1943 e, desde então, utiliza métodos tradicionais de produção – a cana-de-açúcar é processada pela moenda, depois, o suco é fermentado e segue para o alambique, onde é fervido a 90ºC. Depois de pronta, a bebida é destinada ao envelhecimento em barris, processo que dura até um ano antes da comercialização. Conforme o tempo de descanso, a cachaça ganha sabores e cores diferentes.
– É um produto que a família começou com o bisavô do meu esposo, em 1943. Nós mantemos e aprimoramos. A procura pelo produto está aumentado – explica a empresária Cristiane Camargo Zanoni. Segundo ela, há 15 anos, a procura pela cerveja era maior, quadro que já se reverteu.
A cachaça é uma bebida de grande importância cultural, social e econômica para o Brasil, estando relacionada ao início da colonização do país e à atividade açucareira. Quase metade dos produtores brasileiros vivem no Estado de São Paulo, que é líder na fabricação. Por isso, a escolha da capital paulista para sediar a feira.
– Temos praticamente o sabor do Brasil no Mercadão. Se aproveitarmos bem esse momento, conquistamos o mundo, já que as lentes estão focadas para o país. Poderemos dar a visibilidade ao nosso produto, que hoje exporta 1% – destacou Mendes.