Desde novembro empresas têxteis, metalúrgicas e alimentícias clientes do Porto de Itajaí passaram a direcionar cargas para São Francisco do Sul, Santos (SP) e Navegantes.
A mudança, no entanto, provocou gastos adicionais no frete rodoviário. A Teka, por exemplo, que exporta de 300 a 350 toneladas de têxteis por mês, passou a gastar o dobro depois de desviar o embarque para os portos de São Francisco e Santos, segundo o diretor de Comércio Exterior e Marketing, Marcello Stewers.
A metalúrgica Electro Aço Altona, apesar de ainda usar o único berço em atividade do Porto de Itajaí para embarcar e receber pequenas mercadorias, usa Santos como alternativa. O gerente de exportação Pedro Crestani afirma que o custo do transporte chega a triplicar.
A ameaça de paralisação dos armadores, caso o Rio Itajaí-Açu não seja liberado para embarcações de grande porte até o fim da próxima semana, assustou os empresários.
? Se os armadores não atracarem nem em Itajaí nem em Navegantes, será um desastre ? acredita o diretor da Coteminas, Sérgio Luis Pires.
O transtorno logístico para as indústrias exportadoras de frango congelado é dos mais vultuosos. Com um volume de produção que garantia ao Porto de Itajaí a liderança nacional na exportação do produto, a indústria encontrou duas soluções: armazenar grandes estoques perto dos portos do Itajaí-Açu e enviar parte da produção por rodovias para os terminais de São Francisco do Sul, Paranaguá (PR), Santos e Rio Grande (RS).
De acordo com o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), Cléber Ávila, a falta de previsão para a retomada do funcionamento dos portos de Itajaí e Navegantes com capacidade total atrapalha o planejamento, aumenta os custos e afasta linhas de navios.
Dragagem não para mais, diz Secretaria
Seguindo a tendência apontada pela indústria aviária, os armadores operam com apenas 30% das linhas de navios que circulavam por Itajaí antes da enchente de novembro. Para o presidente do Sindicato das Agências Marítimas do Estado, Eclésio Silva, a redução destas rotas pode se tornar ainda mais expressiva se a navegabilidade não voltar ao normal até esta sexta-feira.
A paralisação da dragagem no Rio Itajaí-Açu para remover os sedimentos deixados pela enchente chegou a completar duas semanas. Mas as duas dragas do Consórcio Draga Brasil voltaram o trabalho na sexta-feira passada, após uma onda de protestos. A Secretaria Especial de Portos (SEP) alega que a operação não deve mais parar, sob pena de cancelamento do contrato. A nova promessa é que os serviços se prolonguem, no máximo, até 20 de abril.