As exportações totais brasileiras de café somaram 2,826 milhões de sacas de 60 kg em julho deste ano, primeiro mês do ano safra 2021/22, volume que representou queda de 12,8% na comparação com os embarques realizados no mesmo período de 2020. Com o desempenho, as remessas do produto ao exterior chegaram a 23,737 milhões de sacas no acumulado de 2021, crescendo 2,2% em relação aos sete primeiros meses do ano passado. Os dados fazem parte do relatório estatístico do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A entidade atribui o resultado de julho à continuidade dos entraves logísticos no transporte marítimo mundial, que passa por grave crise operacional, com disparada no valor dos fretes, cancelamentos de bookings, dificuldade para novos agendamentos e disputa por contêineres e espaço nos navios em função do aquecimento da demanda por produtos alimentícios e eletrônicos, em especial nos Estados Unidos e Ásia.
“O café brasileiro segue em disputa para conquistar espaço nos navios e ser embarcado no momento correto. Os atrasos que têm ocorrido geram desgaste operacional sem precedentes aos exportadores e, principalmente, uma sobrecarga financeira derivada de não haver fluxo de caixa planejado para esse cenário inimaginável. É válido recordar que isso ocorre simultaneamente a uma realidade de mercado na qual os preços chegam aos mais altos patamares registrados nos últimos anos e a colheita da safra brasileira gira em torno de 80%”, analisa o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda.
Diante desse cenário, o Conselho realizou, no dia 29 de julho, de forma virtual, o evento global “Avaliando gargalos pós-pandêmicos na logística do comércio internacional”, em parceria com a Swiss Coffee Trade Association (SCTA) e a National Coffee Assocation (NCA), reunindo especialistas globais em logística com o propósito de analisar as perspectivas futuras para os embarques de café.
“No evento, com mais de 250 participantes, CEOs e profissionais seniores de análise conjuntural do mercado marítimo, dos portos, de commodity supply e traders debateram os entraves logísticos internacionais, visando entender a problemática que continua desafiando a logística global. Eles entendem que uma solução deverá vir no médio prazo”, revela.
Ano civil
Em relação à performance no acumulado de 2021, o presidente do Cecafé enaltece as eficiências logística e comercial dos exportadores brasileiros, que, aliadas à safra recorde colhida no ano passado, permitem a evolução na comparação com as remessas realizadas de janeiro a julho de 2020.
“Os exportadores de café do Brasil têm realizado um trabalho ímpar e exemplar para tentar honrar seus compromissos diante dos gargalos logísticos na pandemia da Covid-19, que foram potencializados pela reabertura das principais economias a partir de maio deste ano. Esses esforços, somados à safra exemplar em volume, qualidade e sustentabilidade que os produtores nacionais colheram no ano passado, ainda possibilitam que o Brasil registre crescimento nos embarques frente aos sete primeiros meses de 2020”, explica Rueda.
Receita cambial
As exportações de café do Brasil, em julho, renderam US$ 402,7 milhões ao país, implicando alta de 5,6% frente aos US$ 381,2 milhões registrados no mesmo mês de 2020. No acumulado de 2021, a receita cambial com os embarques brasileiros do produto chegou a US$ 3,203 bilhões, volume 7,0% superior ao rendimento registrado nos sete primeiros meses do ano antecedente.
Principais parceiros
Em 2021, os Estados Unidos seguem como os maiores importadores dos cafés nacionais, com a aquisição de 4,512 milhões de sacas, crescimento de 4,5% na comparação com igual período em 2020. Na sequência, vêm Alemanha, com 4,178 milhões de sacas (+5,5%); Bélgica, com 1,694 milhão (+1,1%); Itália, com 1,681 milhão (-9,5%); e, fechando o top 5, o Japão, com a importação de 1,339 milhão de sacas (+12,8%).
Destaca-se, ainda, o crescimento de 20% nas exportações brasileiras de café para outros países produtores, que importaram 1,790 milhão de sacas nos primeiros sete meses de 2021. Quando o recorte inclui apenas café verde, salienta-se ainda mais essa evolução, que chega a 31,1%, com outras nações cafeeiras elevando a importação do produto in natura de 1,062 mi para 1,392 mi de sacas. As nações árabes também merecem evidência com a aquisição de 1,037 milhão de sacas no período, alta de 5,2% no comparativo anual.
Cafés diferenciados
O Brasil exportou 3,868 milhões de sacas de cafés diferenciados (aqueles com qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis) de janeiro a julho, volume que representa 16,3% dos embarques totais no período e significa crescimento de 1,3% frente ao mesmo intervalo anterior. O preço médio desse produto foi de US$ 174,86 por saca, o que proporciona uma receita total de US$ 676,3 milhões nos sete meses, apurando evolução de 7,7% no comparativo anual e participação de 21,1% no total gerado até o momento.
Tipos de café
As exportações nacionais de café verde apresentaram o melhor resultado nos últimos cinco anos no período de janeiro a julho de 2021. O arábica foi o mais exportado, com o envio de 19,227 milhões de sacas ao exterior, o que corresponde a 81% do total. Já o canéfora (robusta + conilon) registrou o envio de 2,337 milhões de sacas ao exterior, respondendo por 9,8% do total. Na sequência, vem o segmento do produto solúvel, que embarcou 2,152 milhões de sacas (9,1%).
Portos
Santos permanece como o principal canal de escoamento dos cafés do Brasil em 2021. De janeiro a julho, 18,401 milhões de sacas partiram do porto paulista, o que representa 77,5% dos embarques totais. Na sequência, vêm os portos do Rio de Janeiro, com a remessa de 3,692 milhões de sacas (15,6%), e de Vitória (ES), com 713 mil sacas (3%).