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Exportação de café recua 26% ainda impactada por problemas logísticos

Os embarques brasileiros totalizaram 3,1 milhões de sacas em setembro. Receita cambial, por outro lado, registrou leve avanço na comparação com 2020

As exportações brasileiras de café totalizaram 3,1 milhões de sacas de 60 kg e renderam US$ 518,2 milhões em setembro deste ano, desempenho que implica queda de 26,5% em volume, mas leve avanço de 0,5% em receita cambial na comparação com o mesmo mês de 2020. A evolução no ingresso de divisas reflete as altas cotações da commodity no mercado internacional, tanto que o preço médio das remessas foi de US$ 166,52 por saca, 36,7% acima dos US$ 121,79 aferidos em setembro do ano passado. Os dados fazem parte do relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Com o resultado, as exportações de café do país, nos três primeiros meses do ano safra 2021/22, chegaram a 8,817 milhões de sacas, ficando 20,2% aquém do apurado entre julho e o final de setembro de 2020, quando o Brasil remeteu 11,048 milhões de sacas ao exterior. Em receita, contudo, houve crescimento de 3,3% no intervalo, com os embarques rendendo US$ 1,367 bilhão até o momento, o melhor desempenho das últimas cinco temporadas.

No acumulado dos nove primeiros meses de 2021, o desempenho é similar. As exportações brasileiras totais de café somaram 29,759 milhões de sacas e renderam US$ 4,172 bilhões, apresentando queda de 4,1% em volume, mas incremento de 6% em receita cambial.

Segundo o presidente do Cecafé, Nicolas Rueda, o recuo nos embarques cafeeiros do país resulta da continuidade dos entraves logísticos no comércio marítimo global. “Não há mudanças no cenário. Seguimos com intensa disputa por contêineres e espaço nos navios e ainda nos deparando com sucessivos cancelamentos de bookings, rolagens de cargas e frete extremamente custoso. Termos exportado mais de 3,1 milhões de sacas em setembro e mantido desempenho satisfatório na safra e no ano civil reflete o exímio trabalho que as áreas logística e comercial dos exportadores brasileiros vêm realizando para seguirmos honrando nossos compromissos com os clientes mundiais e internos”, aponta.

Ele explica que os entraves logísticos são um problema estrutural que vão muito além do café e do Brasil. “Esses gargalos impactam o segmento exportador no mundo todo, em especial o de commodities, e continuam desafiando os planejamentos dos exportadores, assim como dos importadores no destino, com demoras logísticas que interferem no fluxo financeiro e na geração de receita cambial das empresas”, comenta.

O presidente do Cecafé anota que o Brasil vem fazendo seu dever de casa para honrar seus compromissos no comércio mundial do café, com todos os segmentos da cadeia produtiva realizando esforços “acima da média” e atentos a todos os desafios que envolvem as negociações comerciais globais.

“Sabidamente, temos uma safra menor em andamento, mas há café disponível da histórica colheita anterior, o que implica que o Brasil possui produto para concretizar seus negócios, por meio do trabalho hercúleo que nossos exportadores vêm realizando. A cafeicultura brasileira também é dotada de várias ferramentas tecnológicas, com plataformas de gestão e controle de riscos, que permitem demonstrar o ambiente sério e confiável do agronegócio café brasileiro, atividade que honra seus contratos e compromissos e na qual as ‘não entregas’ têm sido minoria, pouco representativas em relação aos volumes contratados”, revela. Conforme Rueda, a cadeia também segue tomando providências em relação às desafiantes condições climáticas que o setor tem experimentado e que, certamente, pesarão sobre o potencial produtivo em 2022.

Principais destinos

Os Estados Unidos permaneceram como os principais importadores do café brasileiro de janeiro a setembro deste ano, com a aquisição de 5,674 milhões de sacas, volume praticamente estável em relação às 5,682 milhões adquiridas no mesmo intervalo em 2020. Esse volume representou 19,1% das exportações totais do Brasil até o momento.

A Alemanha, com representatividade de 16,8%, importou 5,006 milhões de sacas (-4,2%) e ocupou o segundo lugar no ranking. Na sequência, vieram Bélgica, com a compra de 2,030 milhões de sacas (-17,3%); Itália, com 2,026 milhões (-11,9%); e Japão, com a aquisição de 1,881 milhão de sacas (+17,8%).

O Cecafé também destaca a participação da Colômbia, país também produtor, que ocupa a sétima colocação no ranking dos principais importadores de café do Brasil. A nação vizinha adquiriu 866.268 sacas entre janeiro e setembro de 2021, apresentando significativo crescimento de 82,6% na comparação com as compras do produto nacional realizadas nos nove primeiros meses do ano passado. Desse total, 814,5 mil sacas são do grão verde, que é utilizado para consumo interno ou industrialização como café colombiano a ser comercializado.

Tipos de café

O café arábica foi o mais exportado entre janeiro e setembro de 2021, com o envio de 23,831 milhões de sacas ao exterior, o que correspondeu a 80,1% do total. Já a variedade canéfora (robusta + conilon) registrou o envio de 2,995 milhões de sacas ao exterior, respondendo por 10,1% do total. Na sequência, vieram os segmentos do produto solúvel, que embarcou 2,900 milhões de sacas (9,7%), e do café torrado e torrado e moído, com 32.684 sacas (0,1%).

Cafés diferenciados

Já os cafés diferenciados, que possuem qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis, responderam por 17,6% das exportações totais brasileiras do produto de janeiro a setembro de 2021, com o envio de 5,248 milhões de sacas ao exterior. Esse volume representa crescimento de 2,2% na comparação com as 5,135 milhões de sacas embarcadas pelo país no mesmo período do ano antecedente.

O preço médio desse produto foi de US$ 184,17 por saca, proporcionando uma receita de US$ 966,5 milhões nos nove meses, o que corresponde a 23,2% do total obtido com os embarques. No comparativo anual, o valor é 15,8% maior do que o aferido em idêntico intervalo anterior.