A soja em grão teve retração de 29,3% na receita obtida. A do farelo caiu 18,1% e a do óleo de soja, 14,1%. De acordo com especialistas, o cenário já era esperado em função da boa perspectiva de safra no Hemisfério Norte e no Brasil.
– Tanto a safra dos Estados Unidos como a brasileira estão tendo recordes sucessivos de produção, juntamente com uma safra argentina também de bom tamanho e outros pequenos produtores. Isso dá uma safra mundial bastante maior. Então, essa safra maior está permitindo que o mundo possa usufruir da soja e seus produtos a valores mais baixos – afirma o gerente de economia da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral.
– Os preços ainda são remuneradores, se comparados à media histórica anterior a 2007, mas são muito menores do que nós vivenciamos três ou quatro anos atrás – diz ele.
Demanda crescente
Apesar da queda nos preços, o volume da soja em grão aumentou 192,1%, resultado de uma demanda em constante crescimento.
– Ha um aumento da demanda mundial por produtos da soja, seja em grão, farelo ou óleo. Todos esses produtos têm uma procura maior principalmente de países asiáticos, onde a economia ainda está crescendo e, por isso, precisam de mais alimentos – complementa o executivo da Abiove.
Embora exista perspectiva de que a demanda continue se expandindo, aumentam as preocupações de que o escoamento aumente a cada temporada.
De acordo com Daniel Furlan Amaral, a rentabilidade futura da soja pode ser afetada principalmente nas regiões de fronteira agrícola, onde há graves problemas de logística, que prejudicam o produtor rural diante dos descontos de frete.
– O Brasil hoje é um país que depende essencialmente do modal rodoviário. Mais de 60% cento da movimentação de soja depende desse modal, e um país com as dimensões continentais do Brasil precisa investir maciçamente em ferrovias e hidrovias. É só isso que vai garantir a nossa competitividade futura e fazer o Brasil conseguir distribuir riqueza também para o interior – afirma Amaral.