O anúncio do governo da Argentina de que passará a importar tomates brasileiros favorece principalmente os Estados que já estão em plena colheita, como Bahia, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Já os produtores de Estados que colhem o produto mais tarde acreditam que não serão beneficiados com a medida, como é o caso Goiás, que está em pleno vazio sanitário. A medida é necessária para controlar a mosca branca neste Estado, e o cultivo é liberado somente entre 1º de fevereiro e 30 de junho.
– Para quem está colhendo agora é muito bom, vai ter mais demanda e provavelmente o preço vai subir. Então, eles vão ganhar mais por essa mercadoria. Mas para nós, que vamos plantar em fevereiro e colher em maio, essa medida pode atrair aventureiros. Pode ocorrer como no ano passado, de termos pico elevado de preço de janeiro a abril e preços caindo novamente de maio em diante. Se isso acontecer, a gente fechar no vermelho, como fechamos em 2013 – avalia o gerente agrícola Maurício Bakalarczyk, de Cristalina (GO).
No início do ano passado, o tomate foi considerado o vilão da inflação no Brasil. Com geadas e quebra na produção nas principais regiões produtoras, o preço do fruto comum chegou a custar R$ 10 o quilo nos supermercados, e a caixa de 28 quilos paga ao produtor bateu o valor de R$ 80. Depois, como muitos produtores passaram a plantar o vegetal, o preço da caixa despencou para R$ 10.
– Muitos aventureiros, que não plantavam tomate ou tomate só indústria, resolveram partir para o tomate de mercado. Outras regiões também aumentaram, então teve muita oferta de tomate. A partir de maior o preço caiu e a oferta se manteve alta até novembro – lembra Bakalarczyk.
Mesmo assim, o economista e consultor em Comércio Exterior Helio Tollin não acredita que os preços irão oscilar tanto no mercado interno, como no ano passado.
– Não acho que seja significante. É um produto de safra rápida, não leva um ano para se obter uma nova safra, você pode produzir mais de uma safra por ano. A resposta é rápida, não vai afetar o bem-estar do consumidor – diz Tollin.
Já o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vê essa uma boa oportunidade para a ampliação do comércio com o país vizinho.
– Nós não temos duvida nenhuma que abertura de mercado para a Argentina ou para qualquer mercado internacional é muito importante para a produção nacional porque nós temos um potencial extraordinário – diz o secretário de Política Agrícola, Neri Geller.