Em comunicado, a Abef afirmou que o desempenho foi prejudicado pela crise econômica mundial, que se traduziu na “redução de preços e de encomendas de clientes importantes como Rússia, Japão e Venezuela”. A entidade também reclamou da valorização do real em relação ao dólar. “O câmbio vem diminuindo drasticamente a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional e comprimindo sensivelmente a rentabilidade das empresas do setor”, assegurou.
A Abef demonstrou pessimismo em relação ao desempenho das exportações em 2010. A entidade estima que a receita pode crescer até 10% e os volumes embarcados, 3% a 5%, desde que o real se desvalorize, mas prevê mais um ano sem crescimento caso o câmbio se mantenha no patamar atual. “Um dos reflexos será a retração dos investimentos das empresas do setor, como se verificou em 2009”, alerta.
A entidade aproveitou o comunicado para pedir desoneração tributária, com diminuição no PIS e Cofins, para as empresas exportadoras “a exemplo do que se fez com outros setores da economia nacional em 2008”. E cobrou “uma política governamental mais agressiva contra barreiras ilegítimas impostas por alguns países”.
Apesar da crise, o Brasil conseguiu aumentar suas exportações para os países do Oriente Médio e da África. Em 2009, o Oriente Médio foi o principal mercado consumidor da carne de frango brasileira. A região recebeu embarques de 1,4 milhão de toneladas, um crescimento de 22,7% na comparação com o mesmo período de 2008. A receita, no entanto, cresceu apenas 0,5%, para US$ 1,9 bilhão. Os embarques para a África cresceram 22%, para 422 mil toneladas, com crescimento de receita da ordem de 13%, para US$ 439 milhões.
Em compensação, o Brasil viu cair os volumes e a receita das exportações para os países da Ásia, União Europeia e Américas. O continente asiático, segundo maior mercado para a carne brasileira, recebeu embarques de 947 mil toneladas, uma queda de 7,6% em relação ao ano de 2008. Já a receita cambial caiu 26%, para US$ 1,5 bilhão.
A União Europeia, terceira no ranking, comprou aproximadamente 495 mil toneladas, 5,8% menos do que em 2008. Com isso, a receita foi de apenas US$ 1,2 bilhão, o que representa uma retração de 15% sobre o mesmo período do ano anterior.
O pior desempenho ficou por conta do bloco americano, que teve uma redução de 34,3% nos embarques, para 262 mil toneladas, e 33,8% na receita cambial, para US$ 437 milhões.