Os especialistas garantem que o mel brasileiro é da melhor qualidade. A análise no laboratório comprova. O produto não tem qualquer resíduo de agrotóxico. O mel da China e da Argentina, que são grandes produtores, tem. O Brasil não está entre os primeiros em quantidade, mas por ter um mel tão bom para o mercado, consegue vender bem lá fora. Há uma lista de pelo menos 15 países que preferem o mel brasileiro. Os americanos e os europeus são os que mais consomem.
Mas este ano a safra não foi boa. Os números ainda não estão fechados, mas já se trabalha com a estimativa de quebra de um terço na produção. Com menos mel nas colméias a indústria também vendeu menos.
? Imaginávamos um aumento tanto nas exportações quanto na produção, que infelizmente somado aí vários fatores de quebra de safra, climáticos, norte e nordeste uma seca muito forte e sul e sudeste muita chuva ? afirma Joelma Lambertucci de Brito, presidente da Abemel
Joelma comanda a associação dos exportadores, que reúne 27 empresas no Brasil. Ela fez as contas e chegou a um resultado que vai pesar no bolso de muita gente ainda.
Este ano o Brasil vendeu 16 mil e 900 toneladas de mel para o exterior. No ano passado foram quase 10 mil a mais. Em faturamento a queda foi de 18%, embora os preços tenham subido. No ano passado o quilo custava em média a 2 reais e 53 centavos. Agora, passa de R$ 2,90.
? Isso reduziu os nossos prejuízos, só que se nós não continuarmos este trabalho de fomento da produção, nós poderemos em breve ter um problema maior para o setor ? afirma Joelma.
O Brasil produz em torno de 36 mil toneladas de mel, segundo o IBGE. Mas tem capacidade para produzir cinco vezes mais. Pode chegar a 200 mil toneladas. Aliás, esta é uma das metas do planejamento estratégico do setor, que foi criado este ano. Além de produzir mais, o que se pretende é vender mais também e investir em pesquisas e em gestão das propriedades, das associações, da indústria. E com isso, quem sabe, o setor possa enfrentar melhor as surpresas, como a deste ano.
Agente de exportação, este homem faz negócio com mel. Administra as vendas para o exterior. Tem na carteira de negociações clientes também do setor de alimentos e de bebidas. O mel representa o maior faturamento da empresa dele. E representou as maiores perdas este ano.
? Eu faturei 50% menos. No ano passado vendi quase 500 containeres de mel aqui do Brasil. Esse ano não chegou a 250 ? diz o agente de exportação John Laurino.