Apesar do ritmo considerado baixo de embarques de milho no início de setembro, de 1,06 milhão de toneladas nos primeiros oito dias úteis do mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está confiante de que o Brasil vai alcançar a projeção da instituição, de 26,4 milhões de toneladas de milho exportados entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016.
Para o analista de Mercado da Conab, Thomé Luiz Freire Guth, efetivamente o volume está aquém do que o mercado projetava, mas o milho já negociado pode resultar em recordes de embarques nos próximos dias e meses.
– Mais de 90% da safra já foi vendida e apenas um porcentual pequeno disso foi embarcado – disse o técnico.
Na última terça, dia 15, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) punha em dúvida a possibilidade de a previsão da Conab se concretizar. A avaliação era de que nos quatro meses e meio que ainda faltavam para o fechamento da atual temporada, seria necessário embarcar 4,4 milhões de toneladas por mês, ou o equivalente a 220 mil toneladas por dia na média diária de 20 dias úteis.
Neste ano, o melhor resultado foi obtido em janeiro, quando 3,4 milhões de toneladas de milho saíram de portos brasileiros – média diária de 152.200 toneladas.
Guth rebate essa avaliação, argumentando que o Brasil já conseguiu exportar cerca de 9 milhões de toneladas de soja em um mês, e, portanto, é perfeitamente possível que o país exporte de 4 milhões a 5 milhões de toneladas de milho/mês até fim de janeiro de 2016. Ele observa ainda que, apesar dos desafios de logística, o número de portos nacionais aptos à exportação de grãos é maior este ano do que em outros anos, com a recente inclusão dos terminais das regiões Norte e Nordeste.
– Mato Grosso produziu 20,7 milhões de toneladas de milho e já vendeu 84,56% da safra, ou 17,5 milhões de toneladas. As vendas foram predominantemente para o mercado externo, sendo que apenas 1,7 milhão de toneladas foram exportadas em julho e agosto – argumenta Guth.
Ele observou que em outros estados há também grande volume de milho já vendido, mas não embarcado, como em Goiás e Mato Grosso do Sul.
– As programações dos portos mostram um grande volume de milho a ser embarcado ainda em setembro, o que indica ser perfeitamente possível atingir as estimativas – ponderou o técnico da Conab.
Também com base na fila de navios, a consultoria AGR Brasil estima que as exportações brasileiras do grão serão ainda maiores do que as projeções da estatal.
– Achamos que podem atingir entre 30 milhões e 31 milhões de toneladas – disse o analista de mercado da AGR Tarso Veloso.
Segundo ele, em agosto, apesar de os dados oficiais apontarem um volume embarcado de 2,28 milhões de toneladas, a fila de navios mostrava capacidade para embarque de 4,726 milhões de toneladas.
– Geralmente, os números governamentais vêm menores do que as exportações de fato, mas os dados acabam se encontrando no fim do ano – afirmou.
Para setembro, a AGR estima um embarque de 5,6 milhões de toneladas, quase que o dobro dos 2,91 milhões de toneladas exportados em setembro de 2014.
A valorização do dólar ante o real ao longo do ano tornou o grão brasileiro mais competitivo no mercado internacional, impulsionando os embarques. Analistas de mercado apontam que o milho brasileiro pode inclusive abocanhar fatias de mercado dos Estados Unidos, que é o principal exportador da commodity, por causa do real desvalorizado.