Inicialmente, 300 famílias de pequenos produtores de cacau da sede e cidades do entorno, como Coaraci, Buerarema, Itajuípe, Uruçuca e Floresta Azul participam do projeto. Com investimento inicial de R$ 1,5 milhão do governo da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento e Integração Regional (Sedir) e Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), o projeto foi idealizado para produzir até 450 toneladas/ano de massa ou líquor de cacau – matéria prima para o chocolate – com retorno anual esperado de R$ 18 milhões quando a fábrica estiver operando em sua plena capacidade.
? As pessoas precisam aprender que não existe outra forma de evoluir se a gente não se organizar na produção, se não fizer cooperativa ? disse o governador da Bahia durante a inauguração.
Para Wagner, a agricultura familiar não será tratada como coitadinha pelo governo e nem o agricultor pode ficar a vida inteira pedindo.
? Temos que dar vara, linha, anzol, ensinar e colocar a moçada a buscar o seu próprio peixe ? defendeu.
Para a agricultora familiar e presidente da cooperativa, Maria do Carmo Tourinho, é possível acreditar neste sonho.
? Sozinhos não teríamos condições de gerir um grande projeto. A importância do Sebrae está justamente em nos fazer compreender a gestão e nos dar apoio logístico de conhecimento. É o que nós necessitamos para que o projeto seja um sucesso ? garante.
Pesquisador aposentado da Ceplac, Raimundo Camelo Mororó é o idealizador do projeto de cacau fino no sul da Bahia. Para ele, o Sebrae coloca no projeto a presença da instituição na história recente do Brasil.
? Esse é um projeto diferenciado, da agricultura familiar, de pessoas que precisam deste apoio, que não conhecem mercado e estão aprendendo agora ? avalia.
Até o final dos anos 80, Ibicaraí era uma das economias mais fortes do sul da Bahia. A cidade tinha 50 mil habitantes, vivia da agricultura e do funcionamento de uma importante unidade de produção da Coca-Cola, que gerava milhares de empregos diretos e indiretos. Mas o cacau, sua principal produção agrícola, declinou. A fábrica de refrigerantes acompanhou a crise e também fechou as portas. Sem perspectiva, a população foi reduzida pela metade, ao buscar mercado fora, e passou a viver basicamente da prefeitura e do comércio local.
Duas décadas depois, o município volta a falar com entusiasmo do futuro. E essa perspectiva de retomada do desenvolvimento surge nas mãos calejadas dos agricultores familiares da região. Todos de origem bastante humilde, são eles que vão tocar a primeira fábrica de chocolates finos do gênero no Brasil. Um desafio que tem o apoio do Sebrae para mudar muito além do que uma realidade econômica regional, mas uma cultura que transforma a amêndoa do cacau numa excelente oportunidade de negócio.Transformar em chocolate fino o cacau in natura chega a ser 50% mais lucrativo.