Faeg estima quebra de 15% da produção de soja em Goiás pela estiagem

Altas temperaturas e atraso no plantio podem gerar gasto de R$ 1,2 bilhãoA Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) estima quebra de 15% na produção de soja do Estado devido à estiagem. A expectativa era de uma colheita de 9,8 milhões a 9,9 milhões de toneladas. Os prejuízos podem chegar a R$ 1,2 bilhão. 

Nesta sexta, dia 23, a federação reuniu 50 produtores para discutir os efeitos da seca e orientá-los a respeito da renegociação do prazo de pagamento de financiamentos e cumprimento de contratos com tradings. 

O consultor técnico do Sistema Faeg/Senar, Cristiano Palavro afirmou que 25 dias de clima seco afetaram o desenvolvimento de lavouras de quase todo o Estado. 

– Com exceção do extremo norte, todas as outras tiveram impacto da seca bastante perceptível – afirmou.

No ano passado, produtores goianos também enfrentaram período de estiagem até mais extenso, de 40 dias, mas em 2015 o prejuízo pode ser maior devido às altas temperaturas e ao atraso no plantio, que impediu que a lavoura fosse implantada de maneira escalonada, o que oferece menos riscos, conforme o consultor. 

Desde a quinta, dia 22, chove em Goiás de forma generalizada, mas, segundo Palavro, o volume não é significativo. 

– Mesmo que as chuvas se intensifiquem, na maioria dos casos essas perdas são definitivas.

período seco coincidiu com a fase de florescimento e enchimento de grãos, momento em que a umidade é fundamental. Há prejuízos também nas culturas de milho e feijão, mas Palavro avalia que ainda é cedo para quantificar o tamanho das perdas no Estado. 

Em nota, o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, disse que a situação é preocupante. 

– Não podemos esquecer que o setor agropecuário é responsável por 80% da exportação em Goiás e 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado – comentou Schreiner.

Segundo ele, em 2014 a contratação de seguro rural foi realizada em cerca de 825 mil hectares, o que representa apenas 14% da área total. 

– O seguro rural é uma de nossas únicas soluções, mas há mais de 10 anos nós falamos isso e o seguro ainda não nos atende de forma adequada. Isso não pode ficar assim. Além disso, em muitos casos as financiadoras usam o seguro como moeda de troca para a liberação de crédito. O modelo ideal deveria ser como o dos Estados Unidos, onde o produtor tem 90% da produção segurada – reclama.