? No final, quem paga esta conta é o produtor, porque o custo é repassado até o último elo da cadeia ? afirma Nilson Hanke Camargo, assessor técnico e econômico da Faep.
Para o cálculo, a entidade considerou navios que carregam entre 30 mil a 40 mil toneladas, cujo prazo para desembarque varia de sete a 10 dias, e valor médio de demurrage (gastos com a sobreestadia) de US$ 25 mil diários. Os períodos chuvosos foram excluídos da conta porque a taxa não é aplicada nos casos de intempérie.
?A sobreestadia só é cobrada quando os navios ultrapassam este prazo ? explica Camargo.
Ele atribuiu a demora no desembarque do produto às condições do porto paranaense, que não permite navegação noturna e tem limitações de atracação.
? Seria preciso ter mais terminais para descarregar fertilizantes ? diz.
Camargo enfatiza que a preferência por Paranaguá se deve à vantagem do frete de retorno, situação na qual o mesmo caminhão que leva os grãos até a cidade, retorna às áreas produtoras com fertilizantes.
? Mesmo assim, a operação é prejudicada porque o porto carece de ajustes no cais para chegada dos navios, e o fertilizante ainda compete com outras cargas de granéis sólidos ? conta o assessor.
Importações em alta
No primeiro semestre, as importações totalizaram 5,933 milhões de toneladas, de acordo com a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda). O volume é 76,6% maior que em igual período do ano passado, mas ainda é inferior às 8,622 milhões de ton importadas nos primeiros seis meses de 2008. Em 2009, de acordo com levantamento da Faep, os 354 navios que chegaram ao Porto de Paranaguá esperaram em média 2,76 dias para atracar. Em 2008, quando o porto recebeu 275 navios, o tempo de espera chegou a 17,63 dias.
A perspectiva de ampliação das importações indica que o problema tende a se agravar no segundo semestre pela necessidade da indústria de recompor os estoques e atender à demanda da safra de verão 2010/2011. Estimativas do setor apontam para o crescimento entre 4% e 5% neste ano, em relação às 22,47 milhões de toneladas consumidas em 2009.
Novo terminal
O diretor técnico de Paranaguá, André Cansian, explica que o porto tem dois berços preferenciais para a entrada de fertilizante, podendo abrir um terceiro em caso de volumes maiores.
? Parte das filas é resultado da grande movimentação. Há uma programação, mas as operações podem ser afetadas por atrasos ou chegadas antecipadas dos navios. Além disso, o produto não pode ser transportado em dias de chuva ? alega.
Cansian afirma que a equipe trabalha para evitar os problemas que o porto enfrenta na movimentação de fertilizantes nos períodos de pico, entre julho e outubro. No ano passado, Paranaguá inaugurou o terminal público de fertilizantes, mas a unidade ainda não conta com licenciamento ambiental.
? A ideia é de que este terminal funcione ainda este ano ? estima o diretor Cansian.