Dois homens que vinham se passando por policiais militares por extorquir produtores rurais da região de Santa Rita do Pardo foram presos na última semana durante uma operação conjunta entre a Polícia Civil e a Polícia Militar do município.
Conforme a major Letícia Raquel Ramos, comandante da 7ª Companhia Independente da PM, os golpistas foram descobertos durante uma reunião com o Sindicato Rural de Santa Rita do Pardo, para discutir ações de segurança para a área rural do município. “Fomos informados de que já havia uma equipe tratando da segurança rural e a partir daí juntamente com a Polícia Civil deflagramos a operação para identificar essas pessoas”, afirma.
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Segundo a major, utilizando um veículo com adesivo de imã com nome e brasão da Associação dos Militares Estaduais (AME), os indivíduos iam até as fazendas, onde se apresentavam como policiais militares e ofereciam rifas aos produtores, que em caso de negativa acabavam sendo coagidos a comprar os bilhetes. “Quando os produtores falavam em segurança, eles afirmavam que o DOF [Departamento de Operações de Fronteira] já estava cuidando disso e avisavam que era melhor comprar a rifa”, explica a oficial.
Conforme o delegado Caique Ducatti, titular da Delegacia da Polícia Civil de Santa Rita do Pardo, até o momento foram identificadas cinco vítimas dos estelionatários, mas o número pode ser bem maior, uma vez que os golpistas estavam há dias na região. “Eles chegaram a vender 3 mil reais em rifas para uma única vítima e ainda estamos apurando o total do prejuízo dessas pessoas”, esclarece.
Prisão
Após comprovar os golpes, a Polícia Civil e a Polícia Militar deflagraram uma operação para localizar os suspeitos, que acabaram sendo presos no momento em que chegavam em um hotel da rua Júlio César Paulino Maia, no Centro de Santa Rita do Pardo. Conforme o delegado Ducatti, ao serem questionados sobre os fatos, os dois homens apresentaram ofícios falsos delegando poderes para a venda das rifas.
Buscas foram realizadas nos quartos dos acusados, onde foram localizados e apreendidos além de ofícios sem comprovação de origem e endereçados à unidades da Polícia Militar, talonários, rifas e diversos comprovantes de depósitos que foram efetuados pelas vítimas nas contas dos golpistas. O veículo que utilizavam também foi apreendido.
Outros golpes
Conforme o delegado, durante interrogatório de autuação dos dois homens, eles acabaram entregando outros comparsas que estariam rodando outros municípios do estado, também usando o nome da Polícia Militar para forçar mais vítimas a comprarem as rifas. “Eles foram autuados em flagrante por estelionato contra idoso, já que uma das vítimas tem mais de 65 anos, o que é motivo para majorar a pena, estelionato simples e extorsão e acabaram entregando outros comparsas que estariam atuando em fazendas de outros municípios de Mato Grosso do Sul”, alerta.
Conforme o subcomandante da Polícia Militar, coronel Renato dos Anjos Garnes, ninguém tem autorização para vender rifas em nome da instituição e o caso será encaminhado para a Corregedoria da PM. “Vai ser aberto um procedimento administrativo para apurar os fatos, pois estão utilizando sem autorização o nome da PM e quem for abordado por essas pessoas, além de não comprar essas rifas deve imediatamente ligar no 190 e comunicar o fato”, adverte.
Pessoas que foram vítimas dos golpistas, em Santa Rita do Pardo ou qualquer município de Mato Grosso do Sul, devem procurar a Polícia Militar ou a Delegacia de Polícia Civil mais próxima e comunicar o fato, para que providências sejam adotadas.
Venda de rifa pela PM
A Associação dos Militares Estaduais (AME), emitiu uma nota a respeito do caso envolvendo a venda das rifas da entidade. O órgão informou que a Ação Entre Amigos é de fato, realizada pela entidade, porém, conta também com o apoio de outras pessoas para a venda das rifas.
Essa venda terceirizada segue um contrato, que impõe de forma explícita que “nenhum dos representantes poderá utilizar o nome da corporação Polícia Militar, Bombeiro Militar, Órgãos da Administração Pública, Autarquias, relacionados ou não com a Segurança Pública do Estado de Mato Grosso do Sul”, como foi feito pelos suspeitos presos.
“Ressalta-se em todos esses anos e entidade nunca deixou de promover a efetiva entrega dos bens anunciados e prometidos na Ação Entre Amigos, e aproveita para agradecer a todos que contribuíram e contribuem com a entidade”, disse a associação.