A falta de contêineres no mundo todo tem feito com que os exportadores e importadores busquem diferentes soluções. Exemplo disso é a operação inédita de embarque de gergelim em sacas no Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná. O produto nacional, que está sendo exportado, está sendo estivado de forma direta nos cinco porões da embarcação que está atracada desde o meio dia da última quarta-feira (3). Em média, cada espaço vai levar cerca de 4 mil toneladas da semente, totalizando um embarque de 20 mil toneladas que têm como destino a Guatemala.
A previsão é que o trabalho seja concluído na semana que vem. Os responsáveis pela carga – tanto da importação quanto da exportação – vieram a Paranaguá para acompanhar de perto a operação.
O diretor empresarial da Portos do Paraná, André Pioli, explica que o ineditismo está nesse embarque direto no porão do navio, em uma modalidade conhecida como carga geral. “Isso demonstra que o Porto de Paranaguá é um porto eficiente nos diversos tipos de carga, que tem capacidade de operar na importação e exportação. Com a escassez no mercado dos contêineres, os navios de carga geral voltam a procurar Paranaguá como opção eficiente ao serviço”, afirma, completando que o gergelim será manufaturado na Guatemala e distribuído para diversos outros países.
O representante da empresa guatemalteca Semillas Universalles, Suhel Turjman, afirma que existe a possibilidade de a companhia instalar uma unidade no Paraná para processar o produto e diz que isso pode acontecer em breve. “A gente acredita que o Paraná é atualmente uma excelente opção logística”.
Segundo o diretor da Sezam Zaad, do mesmo grupo guatemalteco (Unisource), faz três anos que a empresa atua no ramo de gergelim no Brasil. “Nesse período, enviamos a carga somente em contêineres pelos portos de Santos e Paranaguá. Gergelim é um produto 90% de exportação, utilizado para fazer óleo e outros alimentos que queremos que sejam feitos aqui para exportarmos diretamente o produto final”, pondera.
Particularidades da carga
A operação está sendo realizada no navio Lady Lilly, da empresa Marcon Logística Portuária. De acordo com o diretor comercial Patrick Ferreira Tavares, esse embarque de gergelim marca o retorno do produto para a modalidade de “carga solta”.
Segundo ele, o embarque pelo Porto de Paranaguá gera trabalho para cerca de 400 pessoas por dia na operação. O gergelim, como item alimentício, não pode ter contato com produtos químicos. Além disso, pelo volume, ocupa o dobro de espaço que outras mercadorias ensacadas. “Para um navio de 20 mil toneladas foi necessário dispor de um espaço de retroárea de 40 mil toneladas. E esse espaço hoje, nos demais portos brasileiros, é extremamente disputado. Em Paranaguá, há essa disponibilidade”, destaca Tavares.