A cada dia que passa, fica mais complicada a situação dos sojicultores que não terminaram a semeadura da oleaginosa. Tem gente fazendo turno 24hrs
Laura França, de Patrocínio (MG)
A falta de chuvas contribuiu para o atraso no plantio em boa parte das fazendas localizadas no triângulo mineiro. Agora, os produtores correm contra o tempo para que prejuízo não seja ainda maior. Tem produtor que gastou 70% a mais com mão de obra por conta deste atraso.
Em uma propriedade na região de Alto Paranaíba, em Minas Gerais, o atraso no plantio da soja chegou a 30 dias. Nem mesmo os 8 pivôs de irrigação, espalhados pelos 600 hectares, conseguiram driblar a falta de água. Por lá, o nível dos reservatórios está muito baixo e isso inviabilizou a irrigação e prejudicou o desenvolvimento da soja.
“Esse ano as chuvas estão insatisfatórias em nossa região. Plantamos no sequeiro acreditando em chuvas boas, agora em novembro. Em uma área nossa, a germinação foi desuniforme, já que algumas sementes absorveram menos água. Vamos estabelecer o plantio um pouco mais alterado que o comum”, diz o consultor agrônomo, Fabrício Andrade.
A falta de chuvas fez com que apenas 60% do plantio fosse realizado até agora na região. Nessa mesma época do ano passado, cerca de 90% do plantio já estava finalizado na região. E a janela ideal de cultivo foi perdida, já que outubro é considerado o mês de melhor adaptação da soja para alcançar boa produtividade. Para piorar, a previsão é de aumento no número de doenças em relação à última temporada.
“Mato Grosso do Sul, Paraná, Argentina, Bolívia e Paraguai, conseguiram plantar antes, porque choveu mais. O problema é o risco de inóculo da ferrugem ser mais elevado em nossa região, pois a doença já está estabelecida naquelas regiões. Agora é questão de tempo e chuvas regulares para esse inóculo pegar a soja que plantamos atrasada. Então o produtor tem que ficar atento ao controle e fazer a prevenção”, comenta Andrade.
E a corrida para finalizar o plantio aumentou muito o custo de produção. gerente de produção, Rogério Fonseca disse que a fazenda que trabalha quase dobrou o investimento em mão de obra para terminar os trabalhos.
“Hoje, o nosso custo aumentou 70%, pois como atrasou muito, tivemos fazer um turno operacional de 24 horas. Nosso objetivo é fechar os trabalhos o mais rápido possível antes de dezembro, para ver se conseguimos abrir espaço para a safrinha”, conta Fonseca.