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Falta de diesel afeta colheita no norte de Mato Grosso

Protesto de caminhoneiros por todo Brasil completa seis dias e já afeta a distribuição de combustível no Estado

A colheita de soja em diversas fazendas do norte de Mato Grosso está sendo paralisada nesta terça, dia 24, em um momento que seria de trabalhos intensos, devido à falta de diesel para abastecer o maquinário, em uma das consequências mais visíveis dos bloqueios nas estradas do Estado.

Há risco de perdas de parte da safra, já que as chuvas previstas para o fim da semana poderão estragar os grãos maduros que restarem no campo.

– Podemos perder parte da colheita. Sem diesel não se faz nada em propriedade nenhuma – afirma o presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Galvan, que já recebeu relatos de paralisação em diversas lavouras na região.

• Protestos começam a interferir nos embarques da safra de soja

A região do médio-norte concentra cerca de um terço da produção de soja de Mato Grosso, principal produtor de grãos do país. A BR-163, alvo dos protestos, responde por 70% do escoamento da produção agrícola do Estado. A rodovia também é a única rota de abastecimento de diesel e outros insumos para os municípios da região.

O trânsito de veículos de carga está totalmente interrompido desde o final de semana em diversos pontos da estrada por empresários do setor de transporte e caminhoneiros que reclamam do alto preço dos combustíveis e do baixo preço recebido pelo frete.

O movimento começou na quarta da última semana, dia 18, em Mato Grosso e vem se espalhando pelo país nos últimos dias, com bloqueios em pelo menos dez Estados. O produtor João Marcos Bustamante pretendia colher 50 hectares nesta terça, mas não terá diesel para movimentar as máquinas.

– Nas distribuidoras não tem diesel. Vou ver se consigo um pouco no posto – diz Bustamante, ressaltando que diversas outras fazendas vizinhas, no município de Santa Carmem, também estão paradas.

Um levantamento da Reuters com 12 produtores da região de Sinop mostrou que a metade deles tem estoque de diesel para seguir operando no máximo até o fim da semana. Um empresário do setor de combustíveis de Sinop disse que, mesmo que os caminhões fossem liberados nesta terça, demoraria pelo menos quatro dias para que o diesel começasse a chegar à cidade.

– Só começaria a amenizar o problema no sábado – projeta Jonas de Paula, proprietário de um grande posto e atacadista de combustíveis de Sinop.

A empresa dele tem pedidos não atendidos para 800 mil litros de diesel até o momento. A previsão do empresário é que até sábado as encomendas de diesel não atendidas deverão chegar a 1,2 milhão de litros. O volume equivale a uma semana de vendas da empresa, que tem 17 caminhões tanque parados nos bloqueios, tentando sair de Mato Grosso para buscar diesel nos fornecedores.

Reuters

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