Falta de estrutura no transporte de fertilizantes é tema de debate em São Paulo

Transporte no Brasil é feito exclusivamente por estradas, o que eleva o preço do frete e causa demora na entrega do produtoNão é só o escoamento dos grãos que vem sofrendo com a falta de estrutura logística do Brasil. Os produtores de Mato Grosso reclamam dos altos valores do frete e do único modal utilizado para a entrega dos fertilizantes no Estado e esperam uma solução do governo.

O transporte dos fertilizantes é feito exclusivamente pelas estradas, o que eleva o preço do frete e causa demora na entrega do produto. O assunto foi discutido em seminário realizado no 8º Encontro de Logística e Transportes, em São Paulo.

– Nós temos um problema muito sério com essa questão de frete, porque toda a produtividade que o produtor adquire dentro da propriedade acaba perdendo essa rentabilidade do negócio com o frete. Mesmo você fazendo o frete de retorno, ainda assim o fertilizante chega muito caro para nós em Mato Grosso. Exatamente em função da distância e em função do uso do modal rodoviário – diz Edeon Vaz Ferreira, coordenador do Movimento Pró-Logística da Aprosoja.

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Especialistas apontam o planejamento integrado como uma forma de amenizar o custo para o produtor.

– O fertilizante é considerado uma carga potencialmente adequada para aquilo que a gente chama de frete de retorno. Então, por exemplo, nesse período final de janeiro até início de maio, nós temos uma concentração muito grande de soja sendo escoada pelos principais portos e, particularmente, por Santos e Paranaguá. É interessante, para o benefício dos sistemas como um todo, que o transportador rodoviário, o caminhão, não volte vazio. E, nesse sentido, o fertilizante pode ser uma carga de retorno interessante a mais. Além de proporcionar uma remuneração adicional para o transportador, normalmente, significa um frete mais barato em termos relativos para o dono da carga de fertilizantes. Operação casada muito importante para ser planejada, para ser gerenciada, mas que no dia a dia a gente percebe uma série de dificuldades, tendo em vista a necessidade de localização dessa carga, a necessidade de manter o transportador esperando sei lá por quanto tempo pra trazer essa carga. Então, de qualquer maneira, é um planejamento integrado importante e que pode trazer uma oportunidade de negócio bastante interessante para o fertilizante – explica José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esalq Log.

Edeon Vaz Ferreira espera que seja possível desenvolver esse tipo de frete por hidrovia, para levar os fertilizantes ao Mato Grosso a um custo menor.

– Nós esperamos que com o tempo a gente consiga desenvolver esse frete por hidrovia, que a gente consiga que os portos lá do Vila do Conde, de Itaqui, também sejam terminais de fertilizantes para que possamos trazer esse fertilizante ao Mato Grosso a um custo menor – diz.

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo. A demanda pelos três principais componentes, o nitrogênio, o fosfato e o potássio, ultrapassa as 10 milhões de toneladas. O Estado de Mato Grosso, por exemplo, precisa importar 100% dos fertilizantes usados nas lavouras.

– O que é mais grave é o fato de que a maior parte desse consumo é suprida por importação, especialmente no caso do potássio, que nós importamos 92%. Há realmente uma necessidade e um esforço grande de se buscar novas fontes de suprimentos aqui no Brasil – fala Marcelo Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

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