O estudo verificou os fatores que influenciaram o crescimento do produto agrícola nas últimas quatro décadas.
– Foram analisadas, entre outros, a evolução da produtividade, da área plantada e do capital físico. O capital físico inclui recursos produtivos, como máquinas, implementos e benfeitorias, sem considerar a terra nem insumos como sementes e adubos – diz Bragagnolo.
Ao analisar a situação de cada Estado brasileiro, a pesquisa verificou que o principal fator que levou ao aumento de produtividade foi o progresso tecnológico.
– Entre 1975 e 2005, a média anual de crescimento da tecnologia agrícola foi de 4,3% ao ano, superior ao próprio produto agrícola, que cresceu 3,7% na média anual – ressalta o economista.
De acordo com Bragagnolo, nos Estados com maior tradição na agricultura, como os que compõem as regiões Sul e Sudeste, o crescimento foi menor, pois já havia uma base tecnológica.
– Nas regiões de fronteira agrícola, nos Estados do Norte e Centro-Oeste, houve um aumento maior do progresso técnico, que tornou possível tanto a expansão da área cultivada quanto da produtividade.
Histórico
Ao verificar a evolução histórica da produção agrícola, o estudo aponta que na década de 70 do século passado, o investimento em capital físico era alto.
– Isto propiciou um aumento da área plantada devido a possibilidade de incorporação de novas terras à agricultura, o que permitiu elevado crescimento do produto, apesar de um crescimento da produtividade moderado – afirma o economista.
De meados da década de 80 até o final dos anos 90, a produtividade cresceu, garantindo o aumento quantitativo da produção, mas ao mesmo tempo houve uma estagnação do capital físico e da área cultivada.
– Nesse período começam a surgir preocupações ambientais que levaram a redução da expansão da fronteira agrícola no Norte e no Centro-Oeste, que aliados ao baixo investimento limitaram o potencial de crescimento do setor – observa Bragagnolo.
A partir do ano 2000, a produtividade e a área cultivada se mantém estáveis.
– No entanto, o capital físico volta a ser determinante, com o aumento dos investimentos na agricultura, que asseguram a elevação da produção – ressalta o economista. Segundo ele, nas últimas quatro décadas, apesar de problemas momentâneos, como quebras de safra, a tendência sempre foi de aumento do produto interno agrícola.
Diante das limitações de capital físico apresentadas pelo setor agrícola em alguns períodos, a pesquisa calculou qual seria o crescimento do produto agrícola se houvesse crédito suficiente para um investimento constante.
– A simulação mostrou que o produto interno agrícola poderia ter sido 27% maior ao longo do período – conclui Bragagnolo, que é pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq.