Segundo Rui Prado, o atraso nas chuvas também gera incertezas em relação ao milho e algodão. A estimativa inicial do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), vinculado à Famato, é de retração de 9% na área de milho, em função do estreitamento da janela de plantio, que é cultivado após a colheita da soja. Entretanto, diz ele, se as condições climáticas forem favoráveis, os produtores “podem forçar” e semear a mesma área da safra passada, para aproveitar os bons preços previstos para o cereal no próximo ano.
Em relação ao algodão, o atraso das chuvas levou os agricultores a concentrar o plantio na primeira safra, entre dezembro e o início de janeiro, mas, mesmo com as incertezas, os bons preços farão com que a área cultivada nesta safra seja recorde. Prado comenta que as perspectivas de estoques mundiais baixos e de alta rentabilidade da cotonicultura no próximo ano levaram alguns produtores a arrendar áreas de soja que foram cultivadas mais cedo, para plantar o algodão na sequência. Ele relata que, em função dos baixos preços dos últimos anos, tinha desistido de plantar algodão nesta safra.
A pecuária também apresenta boas perspectivas para 2011. Prado prevê que a oferta de machos para abate deve se manter menor no próximo ano e se a oferta de fêmeas para descarte aumentar as cotações do boi gordo continuarão pressionadas. Ele diz que o cenário é de continuidade da retomada da margem positiva da agropecuária, iniciada em agosto deste ano. Um dos problemas enfrentados pela pecuária é a concentração do setor frigorífico provocada pela quebra de algumas empresas, “formando verdadeiros cartéis”.
Rui Prado comenta que a alta de preços das commodities agrícolas neste ano não se traduziu em aumento de renda dos agricultores, pois as cotações subiram no segundo semestre, quando grande parte da safra já estava vendida. Os levantamentos do Imea mostram que ao longo deste ano os preços do algodão em Mato Grosso subiram 105%, os do milho 98% e os da soja 55%.