Um dos principais ingredientes na produção de cervejas especiais é o lúpulo. A planta garante aroma característico, sabor único e a consistência da bebida. Com isso, agricultores brasileiros têm apostado em seu cultivo, de olho no aumento da demanda pela bebida. Esse é o caso da família Silveira, de Campo Alegre (SC)
O produtor Heron Silveira conta que teve a ideia de trabalhar com uma cultura diferente para a região em conversa com amigos. “Aqui se produz muito milho, soja e fumo. E todo mundo anda falando sobre cerveja artesanal, mas o lúpulo usado no Brasil é quase 100% importado. Então decidi começar minha plantação”.
O lúpulo é uma planta trepadeira originária do hemisfério norte e que apresenta melhor desenvolvimento em climas frios. Para a produção de cerveja, o que interessa são as flores da planta fêmea. Nelas é formada a lupulina, substância composta por resinas e óleos que são utilizados no preparo da bebida.
A planta é perene e produz uma vez por ano. O seu desenvolvimento é rápido, chegando a crescer até 30 cm por dia. A altura média da planta é de 5 metros, mas a lavoura da família Silveira, em 3 meses de desenvolvimento, desde o plantio, medem mais de 7 metros de altura.
O engenheiro-agrônomo Stéfano Gomes Kretzer, consultor do Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento (Mapa) em prol da cultura do lúpulo no Brasil, explica que o cultivo no país ainda é bastante tímido, contando com aproximadamente 40 hectares em todo o território nacional. Segundo o consultor do Mapa, a cultura ainda está em desenvolvimento no país, sendo estudada.
Na chácara da família Silveira, são produzidas 7 variedades de lúpulo: Northern Brewer, Chinnok, Yakima, Mapuche, Columbus, Tomahawk e Centenial. Cada variedade apresenta diferentes teores de beta ácidos, alfa ácidos e óleos essenciais. Com isso, cada tipo é utilizada para alguma parte específica da produção de cerveja ou para fins farmacêuticos.
A plantação de lúpulo dos Silveira faz parte de uma pesquisa participativa do Centro de Ciências Agroveterinárias da Udesc, de Lages. A condução da pesquisa é realizada pela engenheira-agrônoma Mariana Mendes Fagherazzi e pelo professor Leo Rufato.
“São eles que estão coordenando e acompanhando a pesquisa. A Epagri vai começar a dar um suporte técnico também na unidade produtividade”, explica Ildefonso Cardoso, extensionista rural da Epagri do município de Campo Alegre.
Kretzer alerta que a cultura do lúpulo no Brasil é viável, desde que sejam tomados alguns cuidados como, por exemplo, ter um planejamento detalhado.
“O produtor deve ter em mente como será feita a entrega do produto ao consumidor. Saber qual é a variedade que o mercado está procurando, atestar a qualidade do seu lúpulo e ter acesso à assistência técnica. É uma cultura com alto valor agregado, mas também apresenta alto risco”, ressalta o consultor.