O documento da FAO, apresentado a cada dois anos, revela que, depois da situação relativamente tensa e de aumento dos preços verificados em 2012/2013, as boas perspectivas de produção e a provável reposição das reservas mundiais poderão abrir caminho para a estabilização dos mercados e para a diminuição dos preços na nova temporada.
Segundo a FAO, a produção de cereais recorde prevista para este ano representará um aumento de 6,5% comparativamente com os baixos níveis verificados no ano passado. Este aumento será sustentado por uma maior produção de trigo, em particular na Europa e na região do Mar Negro, que tinham registrado baixas colheitas em 2012. Está também prevista uma acentuada recuperação na produção de milho nos EUA.
No caso da soja, existe expectativa de expansão da área de cultivo e uma maior produtividade, principalmente no Brasil, Índia, Paquistão e Austrália. Com o declínio da produção nos EUA, o Brasil deverá, pela primeira vez, quase se igualar aos níveis do maior produtor mundial, assinala a FAO.
A produção de arroz também deverá aumentar em 2013/2014, embora as preocupações com a excessiva diminuição dos preços possam prejudicar o crescimento da produção, em particular na América Latina e Caribe, América do Norte e União Europeia.
As previsões da FAO indicam que o consumo mundial de cereais atingirá 2,402 bilhões de toneladas em 2013/2014, volume 3% superior ao verificado em 2012/2013. Grande parte do aumento do consumo decorrerá de uma maior utilização de milho para rações animais e fins industriais nos EUA.
Com base nas atuais previsões, até o fim da colheita em 2014, as reservas mundiais de cereais poderão registrar uma recuperação de 11%, alcançando 569 milhões de toneladas, o nível mais elevado dos últimos 12 anos. No caso do trigo, os maiores aumentos serão observados na China, União Europeia e Rússia.
A FAO estima que o comércio mundial de cereais movimentará 306 milhões de toneladas em 2013/2014, volume semelhante ao verificado em 2012/2013. Segundo as previsões, a redução no comércio de trigo será compensada pela recuperação no comércio de milho, ao passo que o comércio de arroz sofrerá poucas alterações em 2014.
A produção mundial de carne atingirá 308,2 milhões de toneladas em 2013, um modesto aumento de 4,3 milhões de toneladas, ou 1,4%, relativamente ao verificado em 2012. A FAO considera que muitos países produtores se deparam com elevados preços das rações, mas que já começaram a ceder em 2012. No Brasil, o segundo maior produtor de carne bovina, atrás dos EUA, a produção deverá bater recorde de 9,5 milhões de toneladas, por causa das boas condições das pastagens e dos ganhos de eficiência no processamento industrial.
De acordo com a FAO, os preços internacionais dos produtos lácteos registraram forte crescimento durante os primeiros quatro meses de 2013, particularmente em março e abril. Espera-se uma manutenção de preços elevados durante os próximos meses. A principal causa da subida dos preços, de acordo com o relatório, foi uma quebra abrupta da produção de leite na Nova Zelândia e uma diminuição das reservas de produtos lácteos na União Europeia e nos EUA.