Para analistas, a suspensão da redução gradual das taxas para exportação para os subprodutos da oleaginosa da Argentina pode diminuir a vontade dos produtores de ampliar área no país
O governo argentino resolveu suspender por seis meses a redução gradual das taxas para exportação do farelo e do óleo de soja. Conhecidas como retenciones, a ideia era chegar ao final de 2019 com uma taxação de 15%, contra as atuais 23%. Para analistas de mercado isso não deve aumentar significativamente a demanda pelos subprodutos brasileiros.
Em 2015, a taxa para exportar os subprodutos da soja da Argentina era de 32% e o governo criou a estratégia para reduzir isso, já que a aposta do país era vender produtos com maior valor agregado para valorizar as indústrias processadoras.
Agora, até o final de 2019, se o ritmo de reduzir 0,5% ao mês for mantido (após a suspensão), os argentinos conseguirão fechar o ano com retenciones de no máximo 18%. Alguns jornais locais como o La Nación, afirmaram que a medida desagradou o setor da soja e as entidades que representam as indústrias fizeram duras críticas a medida, alegando que isso desestimularia a produção do grão.
Para o analista Vlamir Brandalizze, a possibilidade de o produtor argentino perder o interesse em ampliar a área é uma realidade. “Essa redução é para melhorar o caixa do país e quem perde em um primeiro momento é o produtor argentino que terá menos condições de ampliar a área. Por aqui, o impacto será mínimo ou nem acontecerá, pois os compradores continuarão a buscar os subprodutos na argentina até acabar a oferta, reduzida por conta da forte quebra que tiveram”, afirma.
Brasil não deve perceber impacto
Para o analista da Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez essa suspensão nas reduções não deve mudar muito a vida dos brasileiros. “O decreto atual mostra que as reduções só serão reiniciadas no começo de 2019. Por isso não prevejo nenhum grande impacto em curto prazo, isso não irá impedir de a Argentina exportar o seu farelo e óleo e continuará sendo grande vendedora de subprodutos da soja. Mesmo na época em que as retenciones eram mais elevadas o país se mantinha como maior exportador”, diz Gutierrez.
Outro analista, Carlos Cogo, afirma que este diferencial nas tarifas entre soja e derivados favorece o processamento interno, mas pode reduzir as exportações dos subprodutos. “O farelo argentino ainda será disputado mesmo sem redução no imposto de exportação, devido à menor oferta causada pela quebra de produção do país. O efeito da medida é maior no mercado de câmbio, porque o congelamento da redução das retenciones é uma sinalização de que o país está tentando equilibrar o orçamento”, conta ele.
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