O Índice de Inflação dos Custos de Produção (IICP) considera as variações mensais dos custos de produção do arroz, milho, soja e trigo, produtos que respondem por 97% da agricultura do Estado. No IICP ficam de fora as informações relativas à pecuária.
– Como o ponderador usado é a área cultivada, em hectare, incluir a pecuária poderia gerar uma distorção, dada a enorme quantidade de terreno disponível para pastagem. Ela acabaria tendo um peso no índice que não corresponde à realidade. Para incluí-la, em outro momento, teremos que encontrar outra metodologia – explicou o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
Já o Índice de Inflação dos Preços Recebidos (IIPR) considera as variações mensais dos preços recebidos pelos produtores rurais na venda de arroz, milho, soja, trigo, boi gordo, suíno, frango e leite. Neste caso, as ponderações para a construção do indicador se baseiam no Valor Bruto da Produção Agrícola.
Da Luz explicou que a metodologia de cálculo utilizada será a mesma que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) usa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o que permitirá fazer comparações. Os dados são coletados a partir dos levantamentos realizados pelo Esalq/Cepea. Tanto no IICP como IIPR a série de referência tem início em janeiro de 2010.
De acordo com da Luz, o objetivo principal da iniciativa é mostrar que a inflação de alimentos, medida pelo IBGE por meio do IPCA, não decorre da variação dos preços pagos ao produtor rural. Em 2014, o IICP, que mede o custo de produção no RS, teve alta acumulada de 7,72% no ano, semelhante ao avanço de 8,03% do IPCA de Alimentos e Bebidas no mesmo período. Já o IIPR, que mede o preço pago ao produtor, registrou queda de 6,72%. Na prática, segundo ele, em termos relativos, o produtor está gastando mais para trabalhar, mas recebendo menos pelo resultado de sua produção.
– A alta dos preços dos alimentos no atacado não decorre diretamente da variação dos preços pagos ao produtor, mas sim de uma dinâmica mais complexa que envolve os custos de toda a cadeia até chegar ao consumidor final, e que inclui variáveis como salários, combustível, energia elétrica e carga tributária – afirmou.
Ele também chamou a atenção para o possível reflexo da trajetória de incremento dos custos do produtor rural no desempenho da safra 2015 e 2016.
– A elevação dos custos e a queda do preço recebido pelo produtor formam um cenário de achatamento de margens do agronegócio, apesar de estarmos em um período de safra recorde. Supersafra significa mais produto, mas não necessariamente mais rentabilidade – disse Da Luz.
A Farsul vai divulgar o resultado mensal dos índices entre o dia 10 e o dia 20 de cada mês.
– Queremos ser fonte primária de informação, fornecer insumos para o meio científico e acadêmico e ajudar na formação de políticas públicas, que levem em conta a realidade do setor – resumiu o economista.