As mesmas tecnologias estão a disposição dos produtores, mas o modo de usá-las é o que faz a diferença para conquistar boa produtividade do grão
* Áureo Lantmann
O que faz alguns agricultores produzirem muito bem e outros nem tanto, se a oferta de tecnologias para ambos é a mesma?
Talvez a postura diante das tecnologias seja o que faz a diferença. O uso de informações para curto prazo, a comodidade, o não interesse em novos procedimentos, a ausência de um engenheiro agrônomo, o não entendimento holístico dos processos produtivos e outras posturas podem justificar os diferentes rendimentos entre os agricultores.
• Leia ao último artigo: Dessecação pré-colheita da soja
Todos os trabalhos dirigidos para mostrar o potencial máximo de rendimentos da soja são executados nas seguintes condições:
1- Adoção de sistema de plantio direto: Essa tecnologia potencializa e sustenta qualquer outra. Além de preservar a qualidade dos solos, fornece formas para maximizar o uso de adubos, protege as plantas contra os efeitos da estiagem e do calor, aumenta o teor da matéria orgânica, controla naturalmente as plantas daninhas e condiciona o ambiente para que se tenha o ciclo normal das diferentes cultivares de soja.
2- Correção do perfil do solo: A quantidade de cálcio, principalmente, distribuída uniformemente na profundidade dos solos, significa melhor desenvolvimento radicular com consequente aproveitamento da oferta de nutrientes, maior resistência a seca e a acidez dos solos.
3- Ajuste da adubação para o potencial produtivo esperado: Quantidades e formas de adubos deve sempre, ser definidas em função de resultados de analise de solos e também em função das necessidades das culturas que compõem os diferentes sistemas produtivos.
4- Utilização de cultivares produtivos e adaptados a região: A estabilidade de produção, bem como a resistência ou pelo menos a tolerância a algumas pragas e doenças, são itens que podem determinar melhores rendimentos.
5- Arranjo espacial de plantas: A soja é uma espécie que apresenta uma grande plasticidade quanto ao arranjo espacial de plantas, variando o número de ramificações e de vagens e grãos por planta e o diâmetro do caule, de forma inversamente proporcional à variação na população de plantas. Variações entre 200 e 500 mil plantas/ha, normalmente, não influenciam o rendimento de grãos ou faz muito pouco aumentando ou reduzindo, dependendo de diversos fatores.
6- Controle de plantas daninhas, pragas e doenças: No caso de pragas com o Manejo Integrado de Pragas (MIP), agricultores que o praticam têm conseguido efetivo controle das pragas com reduções significativas de custo.
7- Zelo do produtor na condução da lavoura desde a semeadura até a colheita: A presença de um engenheiro agrônomo na tomada de decisões, bem como no acompanhamento da lavoura, é fator fundamental para maximizar efeitos de determinadas tecnologias.
Esse conjunto de sete itens são normalmente praticados nos campos onde a soja tem atingido mais de 7000 kg/ha.
*Áureo Lantmann é engenheiro agrônomo, foi pesquisador da Embrapa Soja e é consultor técnico do Soja Brasil desde a primeira edição, safra 2012/2013.