O trabalho na propriedade iniciou na década de 80. Hoje, a fazenda virou marca e, além de ter sua própria loja, fornece alimentos para supermercados, gera empregos e estimula a produção de pequenos produtores na região. A história da Malunga é o terceiro caso de empreendedorismo transmitido na série de reportagens do Rural Notícias, que homenageia o Dia do Agricultor, comemorado no próximo domingo, dia 28.
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Nas prateleiras do Empório Malunga, inaugurado há dois anos, há mais de mil itens. Todos trazem no rótulo o selo que garante que o produto é orgânico, livre de agrotóxicos.
– É totalmente diferente. Se você pegar banana, arroz e feijão orgânicos e comparar com algum produto comercial, percebe que o segundo tem até gosto de veneno – destaca a consumidora Wilma Pizza.
– Todos os produtos que uso na minha cozinha são orgânicos. As pessoas estão se conscientizando que há necessidade de fazer uma mudança no planeta – diz Amarelice Cunha.
Boa parte dos alimentos é produzida, higienizada e embalada na fazenda. A Malunga foi criada por um grupo de estudantes de engenharia florestal que tinha o ideal de fazer alimentos sem o uso de fertilizantes e defensivos químicos. Muitos estudos foram feitos, mas o projeto idealizado pelo marido da engenheira agrônoma Clevani Valle só ganhou força dez anos depois, quando a pequena horta se tornou um negócio rentável.
– A gente sabia que tinha uma caminhada muito grande porque a tecnologia era pouca, mas existia um mercado crescente – diz Clevane.
Os números são impressionantes. De 1995 para cá, a produção saltou de 240 caixas para 1.200 por dia. A área plantada, que no início era de 28 hectares, hoje chega a 120. A empresa emprega mais de 200 profissionais e fornece produtos para 60 supermercados de grandes redes. Para a agricultora, a mudança no modelo de gestão e o investimento em tecnologia são o segredo do sucesso.
– A gente trabalha com adubação à base de compostos: os bokashis, que são misturas de farelos. Fazemos as pulverizações com biofertilizantes. A gente trabalha bastante a parte nutricional da planta. A gestão foi muito importante. Tivemos que aprender sobre gestão porque, para produzir semanalmente, diariamente, tem que ter muita organização.
Toda a matéria-prima, incluindo as mudas, que dão origem as 28 variedades de hortaliças, também são cultivadas na fazenda. Até o adubo é orgânico, já que o substrato para a fabricação é retirado de animais que são mantidos sob cuidados rigorosos.
– A alimentação é toda de origem orgânica e a parte da medicação é feita com fitoterápicos e homeopatia, seguindo as regras de produção internacional de orgânicos – diz a empreendedora.
Para ampliar o negócio, foi criada uma rede de parceiros. Pequenos agricultores que têm o certificado de orgânico vendem parte da produção para a Malunga. Paulo José da Silva é um deles. Ele está no mercado há três anos e garante que a iniciativa é um bom incentivo para quem está começando.
– Só em relação ao tomate, nós fornecemos duas toneladas por semana, couve-flor, brócolis, repolho e diversas hortaliças. No empório, que vende direto para o consumidor, a gente manda embalado. Onde já vai com a nossa marca, o que também nos ajuda a demonstrar que estamos no mercado.
– É muito gratificante ver o crescimento da Malunga. É muito gratificante ver o que deu pra fazer. Porque eu sou da área rural, meu pai é agricultor, e eu sei das dificuldades. É bome ver que dá para progredir – finaliza Clevane.
Confira as duas primeiras reportagens da série:
>> Família Bin: tradição de pai para filho na Serra Gaúcha