Após uma estiagem prolongada no final de 2015, a consultoria INTL FCStone ajustou novamente a expectativa de produção brasileira de soja para baixo, dessa vez resultando em 97,8 milhões de toneladas, redução de 1 milhão em relação ao mês anterior. As regiões mais afetadas pelo clima seco foram o Mato Grosso e o Matopiba, com destaque para este último, região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
“No Matopiba, o estresse hídrico é mais preocupante porque o nível normal de precipitações nesta época já é mais baixo do que em outras áreas produtoras do Brasil”, alerta a coordenadora de inteligência de mercado da consultoria, Natália Orlovicin. Nesta região, a INTL FCStone estima que os danos provocados pela falta de umidade no solo na fase de crescimento vegetativo refletirão em produtividades muito abaixo do esperado inicialmente. Com isso, a produção dos quatro estados ficaria em 10,3 milhões de toneladas.
Com relação ao Mato Grosso, as variedades precoces de soja, que foram plantadas no início da janela (entre setembro e outubro), devem ter sua produtividade reduzida em função do déficit hídrico, especialmente no Centro-Norte do estado. No acumulado do estado, espera-se que sejam retirados dos campos 27,3 milhões de toneladas neste ciclo. Natália explica que, apesar da melhora climática no início de 2016, com volume de chuvas abundante, algumas perdas já são irreversíveis.
O fôlego para a safra atual vem da região Sul do Brasil, cujo clima foi muito favorável ao desenvolvimento das lavouras, mesmo com o excesso de chuvas trazendo alguns problemas pontuais. A falta de luminosidade dificilmente trará problemas para a produtividade, enquanto a proliferação de doenças pode causar alguma perda marginal. Colocando todas as variações climáticas na balança, o volume brasileiro total produzido ainda deve ficar acima do registrado no ciclo anterior, alcançando recorde histórico.
Milho
A INTL FCStone não trouxe alterações na estimativa para a primeira safra de milho 2015/16, em sua revisão de janeiro. A área plantada ficou em 5,76 milhões de hectares, o que representa uma queda de 6,4% frente ao alcançado no ciclo anterior, enquanto a produção registrou 27,86 milhões de toneladas, considerando um rendimento médio de 4,84 toneladas por hectare.
Apesar dos atrasos observados no cultivo da soja na região central do país, devido ao clima mais seco e irregular, que impactam na janela ideal de plantio do milho segunda safra, a área plantada estimada para o cereal ficou em 9,74 milhões de hectares, o que representa um leve aumento frente ao alcançado na safra de inverno 2014/2015. A expectativa de produção também manteve inalterada em relação ao calculado no mês anterior, em 53,27 milhões de toneladas.