VAGEM ROXO-AVERMELHADA

Feijão-de-metro ganha novas cores e promete alta produtividade

Variedades de feijão-caupi são boa opção para diversificação da produção de hortaliças na agricultura em regiões de clima quente

feijão-de-metro
Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa

Cores diferenciadas, qualidade de vagens e elevada produtividade são os principais atributos das duas novas cultivares de feijão-caupi (feijão-de-corda), do tipo feijão-de-metro, que a Embrapa Amazônia Oriental (PA) apresenta ao mercado. A BRS Lauré, com vagem de coloração roxo-avermelhada, e a BRS Raíra, com vagem verde-oliva, são recomendadas para plantio no estado do Pará e possuem potencial para outras em regiões com clima quente.

Com vagens longas e roxo-avermelhadas, a BRS Lauré é a primeira cultivar com essas características desenvolvida pela pesquisa para o mercado da região Norte. “É um produto novo no mercado que atrai pelo apelo visual, mas que apresenta elevada produtividade e distribuição bem equilibrada de vagens ao longo do dossel da planta”, afirma o pesquisador da Embrapa Rui Alberto Gomes.

Nos testes em campo, a média de produtividade foi de 11,6 toneladas de vagem fresca por hectare enquanto a média dos materiais utilizados atualmente no campo foi de 7,6 t/ha, a cultivar comercial; e de 8,6 t/ha, uma variedade crioula bastante cultivada na região.

Já a BRS Raíra, que possui vagens na cor verde-oliva, mais claras que as vagens tradicionais, produziu mais de 10 toneladas de vagem fresca por hectare enquanto os materiais tradicionais ficaram entre 7 (cultivar comercial) e 8,6 t/hectare (variedade crioula). “Essa cultivar tem vagens longas, no padrão do mercado consumidor, e são boas para o consumo em virtude do baixo teor de fibra”, destaca o pesquisador.

Tanto em períodos secos quanto chuvosos, o desempenho produtivo das duas cultivares se mostrou superior ao das variedades em uso atualmente. A BRS Raíra e BRS Lauré apresentaram boa tolerância ao estresse hídrico (falta de chuvas) e às elevadas temperaturas.

Foto: Ronaldo Rosa/Embrapa

O pesquisador explica que o feijão-de-metro é cultivado durante todo o ano no estado do Pará, sob diferentes condições de umidade, contudo, é preciso ajustes no sistema de produção, incluindo o cultivo nas partes mais altas da propriedade. “É importante plantar em leiras ou camalhões para evitar encharcamento durante o período mais chuvoso do ano, e fazer irrigação do cultivo na época mais seca”, acrescenta Gomes.

Incentivo à produção e ao consumo

O pesquisador aposentado Francisco Freire, que liderou o programa de melhoramento genético de feijão-caupi da Embrapa, explica que as novas cultivares foram selecionadas entre centenas de materiais coletados dentro e fora do Brasil. Os sucessivos ciclos de cultivo e seleção, realizados entre os anos de 2016 e 2018 em dois municípios paraenses, Belém e Terra Alta, consideraram a produtividade, qualidade comercial das vagens e sanidade.

Freire pontua que as duas novas cultivares são voltadas principalmente para a agricultura familiar do estado do Pará. “O feijão-de-metro é cultivado na forma de hortaliça e sua produção é muito característica dos pequenos e médios produtores. Além de incentivar e fortalecer o cultivo e a produção do feijão-caupi junto a esse público, o programa objetiva também promover o consumo dessa hortaliça”, acrescenta Freire.

Gomes reforça que as cultivares apresentam vantagens ao produtor e ao consumidor. “Para o produtor é uma opção de complementação da renda, uma vez que é possível colher praticamente o ano todo. Já para o consumidor, esse produto amplia o cardápio com um alimento nutritivo”, afirma.

As vagens frescas das duas cultivares, segundo o pesquisador, possuem em sua composição alto conteúdo de molibdênio, micronutriente que protege as células do corpo, e é fonte de selênio. Além disso, possuem fibras, lipídeos, proteínas, carboidratos e nutrientes.


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