Com aumento de até 70% no custo da energia, produtores rurais de Minas Gerais reduziram a área cultivada na safra de inverno. Na região de Iraí de Minas, no Triângulo Mineiro, muitas lavouras estão esperando pela chegada das chuvas. O produtor Ivalino Pedro Furlanetto fez as contas e decidiu. Para não ter prejuízo na safra de inverno, ele plantou apenas 20% da área da propriedade, dos 500 hectares equipados com pivô de irrigação, somente 100 foram cultivados.
O motivo é simples:
– O custo de energia somado a outros custos ficava inviável plantar. Há dois anos, nós não fazíamos a conta do custo de energia. Hoje, você tem que pensar duas vezes. Se for para plantar para não ganhar dinheiro eu prefiro ficar parado – declara o produtor.
Em junho, a conta de energia da fazenda ficou em R$ 80 mil, 70% mais em relação ao mês anterior. Para reduzir esse número, o produtor optou por culturas mais resistentes à seca, como o sorgo. Mesmo assim, o custo de produção ficou alto, cerca de R$ 2500 por hectare.
– Nós irrigamos somente à noite, para tentar pegar a tarifa verde, para não aumentar o gasto. Se fosse irrigar normalmente seria inviável plantar esse trigo, então nós plantamos somente 100 hectares e só irriga à noite para diminuir o custo com energia – calcula Furlanetto.
Nas lavouras com maior exigência hídrica, o cultivo não ocorreu. O produtor deixou de plantar 65 hectares de feijão e a lavoura deve ficar parada até outubro. Com a chegada das chuvas, Furlanetto espera cultivar soja na safra de verão.
Um levantamento realizado pelo Sindicato Rural de Iraí de Minas aponta que houve uma queda de aproximadamente 70% na área cultivada de feijão na região, por causa do aumento do custo da energia e da perda de desconto da tarifa verde.
– Nós tínhamos uma tarifa verde e a partir de determinado horário nós tínhamos um desconto de 80% no valor da energia. Além de ter aumentado a energia, nós perdemos 12% desse valor de desconto e isso impacta acima do valor da energia – explica o presidente do Sindicato, Marques José Naves.
Com a redução na área cultivada, a preocupação agora é o desemprego no meio rural.
– As culturas que tinham mais mão de obra como feijão, batata, alho, milho batata, cebola estão paradas, é inviável plantar e os produtores não tem plantado – lamenta Naves.