A cidade de Cristalina, em Goiás, viu a produtividade de feijão cair pela metade nesta safra por causa de ataques de novas pragas na região, como o tripes e a cigarrinha, além das mais conhecidas, como mosca branca, que também provocaram estragos.
A mosca-branca, responsável pela doença do mosaico-dourado, trouxe grande prejuízos aos agricultores de Cristalina, em Goiás. A situação da safra ficou ainda pior porque produtos usados para controlar a praga acabaram matando também inimigos naturais dos ácaros, que ganharam força e aumentaram ainda mais a quebra de produtividade.
A família do agricultor William Thomas cultivou, nesta safra, menos de 22 sacos por hectare, mas a expectativa era de colher, pelo menos, 45 sacas em cada um dos 450 hectares plantados. “Tenho vizinhos que tiveram 100% de perda. Foi um dano muito agressivo, principalmente por causa do mosaico-fourado, que causa uma perda enorme quando entra na fase inicial do feijão. Agora, nós não conseguimos tirar um feijão de qualidade e isso influencia diretamente no preço”, avaliou o produtor.
De acordo com o engenheiro agrônomo Cláudio Malinski, o clima favoreceu a incidência da praga. “O clima foi mais favorável, não ocorreu um controle natural e, consequentemente, a população de mosca-branca aumentou.”
O investimento inicial do William foi de R$ 4 mil por hectare, mas o valor ficou muito acima do planejado e a margem de lucro, que poderia chegar a 60%, foi reduzida a zero. “Em uma safra normal, costuma-se entrar, no máximo, três vezes na lavoura para o controle de mosca-branca, ácaro e bactéria. Nesta safra, no entanto, algumas lavouras precisaram de até 15 intervenções, apenas para casos de mosca-branca. Tudo isso acrescentou bastante no custo da lavoura e o feijão, que era nossa ‘galinha dos ovos de ouro’, na verdade, vai nos dar prejuízo”, disse.
Pragas oportunistas
Em Cristalina, não foi só a mosca-branca que causou prejuízos na lavoura. As pragas tripes e cigarrinha, que eram consideradas secundárias, desta vez ganharam destaque. Em uma das lavouras, a produtividade caiu pela metade e 80% do problema veio das novas inimigas do produtor.
Para o agrônomo e responsável técnico da fazenda João Nestor Antunes, a colheita da área de 300 hectares não passa de 25 sacas por hectare. O tripes, que é um inseto muito pequeno, foi o mais grave, pois transmite uma virose nunca vista antes na fazenda. “O feijoeiro chegou na fase de florescimento. A planta começa a brotar nas extremidades e não tem fim, começa a emitir vários nós nas extremidades e a planta não segura vagem. Produz vagens deformadas, com poucos grãos e com muito prejuízo”, disse.
Já a cigarrinha, a doença transmitida tem outros sintomas. “Ela causa um amarelecimento nas folhas inferiores da planta, que acabam por enrugar e cair”, lamentou Antunes.