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Agricultura

Dia Mundial dos Pulses é marcado por debate sobre oportunidades internacionais

Diversificação de pulses ofertados e organização da cadeia produtiva são caminhos apontados por especialistas para favorecer o produtor brasileiro

Em comemoração ao Dia Mundial dos Pulses, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu, nesta quarta, 10, um seminário virtual para debater o tema “Oportunidades internacionais e desafios domésticos para o aumento da produção dos pulses no Brasil”.

O evento, que reuniu representantes do setor produtivo e do governo, foi dividido em dois painéis sobre o panorama doméstico e internacional e as oportunidades e desafios para esse setor, que engloba vários tipos de feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, entre outros.

Na abertura do seminário, o presidente da Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA, Ricardo Arioli, afirmou que o Brasil tem se destacado mundialmente na produção de grãos, mas quando se trata de pulses o país não aparece no ranking de produção e comércio mundial.

“Culturas como grão-de-bico, feijão mungo, ervilhas têm um mercado mundial interessante e pode ser aproveitadas pelo produtor brasileiro como opção na segunda safra, para diversificação e aumento da renda”, diz.

Em 2020, a produção de feijão brasileira alcançou 3,2 milhões de toneladas, uma alta de 6,8% com relação à safra de 2019. Ricardo disse que esse aumento da produção foi estimulado principalmente pelo crescimento do consumo doméstico, em razão da pandemia do coronavírus.

“Apesar do expressivo consumo doméstico de feijão, fica cada vez mais claro que, para o mercado de feijão voltar ser atrativo para o produtor brasileiro, é necessário participar mais do mercado internacional. Outros feijões (vigna mungo ou radiata) têm apresentado crescimento expressivo nas exportações brasileiras. Em 2016, essa classificação era de apenas 5% do total exportado, e em 2020 passou para 32%”, destacou Arioli.

O adido agrícola do Brasil na Índia, Dalci Bagolin, foi um dos convidados do primeiro debate e falou sobre as iniciativas do governo brasileiro para abertura do mercado indiano de pulses e as oportunidades para a agricultura brasileira. Segundo Bagolin, a Índia é o maior produtor, consumidor e importador de pulses do mundo, com destaque para o feijão-guandu e o grão-de-bico.

“Em 2015 e 2016, a Índia produzia em torno de 15 milhões a 16 milhões de toneladas de pulses, em razão da forte seca na região que prejudicava a janela de plantio. A partir de 2017, com as chuvas normalizadas, a produção saltou para 23 milhões de toneladas e tem se mantido nesse patamar. Em dois anos, os preços dos pulses subiram 50%”.

De acordo com o adido, o consumo do país indiano está estagnado justamente pela alta dos preços e demanda por proteína animal, como lácteos e frango. Porém, o aumento da população e o crescente uso de pulses em produtos processados pode mudar esse cenário.

Dalci Bagolin também explicou que a baixa produtividade no país, em torno de 750 quilos de pulses por hectare, e a limitação da área de plantio podem ser consideradas como oportunidades para o Brasil no mercado indiano.

Outro palestrante do primeiro painel foi o adido agrícola do Brasil na China, Jean Manfredini, que falou sobre as oportunidades de negócios e desafios a serem superados para atendimento do mercado chinês. Ele disse que hoje o Brasil não exporta pulses para a China, mas diversos produtos já estão em negociação, como o feijão-caupi, gergelim e amendoim.

“Em 2015, o setor produtivo brasileiro identificou no mercado chinês um grande potencial para essa variedade de feijão. No decorrer do tempo, outros pulses entraram na mesa de negociação, como o gergelim. Já para o feijão comum, estamos iniciando o questionário sobre a análise de risco de praga”.

Manfredini destacou que a maior parte da análise de pulses e outros produtos de origem vegetal do Brasil é feita pelos mesmos técnicos chineses e isso é considerado um problema recorrente. “Os pulses brasileiros têm grande potencial na China, mas precisamos priorizar quais gostaríamos que fossem aprovados primeiro. Acredito que em primeiro lugar seria o gergelim, em segundo o amendoim e em seguida algumas variedades de feijões”.

A superintendente de Relações Internacionais da CNA, Lígia Dutra, foi a última expositora do painel e destacou que a China é o principal parceiro comercial do Brasil. Em 2020, o Brasil exportou US$ 34 bilhões em produtos do agronegócio para o país asiático, alcançando um saldo comercial de US$ 33,1 bilhões. Já a Índia é o 10º destino das exportações do agro. Neste ano, o valor superou em 16,8% o total de 2019.

Em sua apresentação, Lígia também falou sobre as ações da CNA para sensibilizar, capacitar, planejar e viabilizar a internacionalização da agropecuária brasileira, pelo projeto Agro.Br. “A gente sabe que exportar não é tão simples, existe toda uma questão burocrática e um medo do desconhecido. Então o projeto surgiu para suprir essas lacunas e facilitar o acesso do produtor brasileiro ao mercado internacional”.

De acordo com a superintendente, para exportar, o produtor precisa ter organização interna, conhecer o país de destino e saber se o seu produto é compatível com o mercado. “A primeira coisa é conhecer de fato o mercado de destino, ultrapassando os estereótipos e buscando de cabeça aberta as informações e oportunidades que esses mercados podem trazer”.

Atualmente, o projeto Agro.Br possui 734 inscritos, sendo 348 aderentes. Segundo Lígia, 40 empreendedores estão exportando sendo que 12 são novos. No total, 71 mercados já foram atingidos dos quais 33 são inéditos. A receita com as exportações é de US$ 110 milhões.

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