Muitos produtores de feijão do Distrito Federal cultivaram o produto mais tarde para tentar obter preços melhores. Com isso, o período de vazio sanitário não está sendo respeitado, já que ainda existem plantas vivas nas áreas. O número de autuações deve aumentar, conforme a Secretaria de Agricultura.
Em pleno vazio sanitário, o produtor Vitor Garmatz está terminando a colheita de 160 hectares de feijão. Cumpriu as regras porque a lavoura está dessecada, não tem plantas vivas. O vazio sanitário, que começou em 20 de setembro, vai até 20 de outubro. O produtor quer evitar um novo ataque do vírus do mosaico dourado do feijoeiro, que é transmitido pela mosca branca. Em 2012, ele perdeu toda a safra.
– Ataca desde a germinação da semente, logo que sai do chão, e continua dando prejuízo até o final da cultura. O problema do mosaico dourado é que quando ele está instalado na planta, você não tem a noção exata no momento, só vai ver o dano mais à frente. Quando não tem mais nada o que fazer, perdeu a lavoura – relata Garmatz.
O vazio sanitário vem funcionando. Nas duas últimas safras, os produtores do Distrito Federal não tiveram problemas com o mosaico dourado. Mas esta prática preventiva nem sempre é cumprida, depende do comportamento do mercado. Este ano é um exemplo disso, os produtores plantaram mais tarde para tentar preços melhores. Então, o número de autuações deve aumentar.
– Temos recebido um numero grande de denúncias. Este ano já recebi várias denúncias em algumas áreas que não colheram feijão e não têm expectativa de quando colherão este feijão. Isso porque a saca do feijão está em alta, eu acredito que o produtor pesou e achou melhor continuar com o feijão – afirma Lara Line, chefe de Sanidade Vegetal da Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural do DF.
Os técnicos da Secretaria de Agricultura do Distrito federal já começaram a fiscalização. Primeiro, o produtor recebe uma notificação e tem prazo de quatro dias para eliminar as plantas vivas, depois vêm as multas, que variam de R$ 15 aR$ 50 mil.
– Não havendo plantas vivas, estando dessecadas ou com indícios que foi dessecada, a gente entende que o produtor tomou medidas para eliminar essas plantas vivas de feijão – esclarece Lara.
Ildemar Garmatz reconhece que a incidência de doenças e pragas aumentou muito nas últimas safras e valoriza a prática do vazio sanitário.
– Eu cheguei a plantar, se não me engano, em 1995/1996 nem aplicação de fungicida eu fiz, nenhuma. E colhi 50 sacas por hectare. Hoje, a gente faz um monte de aplicações e é difícil chegar aos mesmos 50 sacos. Além disso, surgiu a mosca branca, cada vez ataca mais, em maior número e a gente está aí, com este vazio pra ver se consegue diminuir a questão do mosaico dourado, né – conta o produtor.