De acordo com a FAO, é preciso democratizar o acesso aos alimentos através do incentivo à agricultura familiar e as feiras seriam uma maneira de facilitar esse acesso. Em Porto Alegre (RS), o Mercadão do Produtor, que acontece há quase 30 anos, é um exemplo de ação consciente dos produtores.
Na banca de hortigranjeiro Clóvis Ulrich, o movimento não para. São pés e mais pés de alfaces, que ele negocia a R$ 0, 75. No caminhão, são 150 dúzias, mas nem sempre tudo é vendido. Em média, de 20 a 30 dúzias acabam tendo outro destino: as entidades filantrópicas.
A vontade em ajudar o próximo é tanta, que o produtor costuma levar para banca produtos a mais, e por isso, é o campeão de doações da feira.
? É bom por que a doação dá um destino para salada. No fim, muita coisa acabaria indo fora e assim não vai. Todo mundo fica contente e satisfeito ? diz ele.
Em outra banca quem se preocupa em separar a fruta para doação é o produtor de banana u lairton Gayer. São 1,2 mil quilos de banana que ele traz do litoral gaúcho. Pelo menos 100 kg são reservados para as entidades. E para que a fruta chegue nas mãos de quem precisa, em estado perfeito, é preciso uma ajudinha do consumidor:
Notícias Relacionadas
? Tem consumidor que chega, olha e compra. Tem cliente que olha, olha, olha, e não se agrada, mas que acaba levando. E tem também aquele que gosta de apertar, e aí é complicado.
Assim como o lairton Gayer e Clóvis Ulrich, os outros 111 feirantes também reservam parte de seus alimentos para serem doados, o que é incentivado por quem organiza a feira, uma das principais do Estado e que recebe 60 mil pessoas por edição.
? Para o produtor rural faz toda a diferença. Ele não quer ver a sua produção parar no lixo. Ele vem, comercializa, leva o seu dinheiro para casa. Mas ele quer que o restante da sua produção sirva pras pessoas ? explica um dos organizadores do evento, Paulo Roberto Bilhar.
Todas as doações são organizadas pelo Sesc, através do programa Mesa Brasil, uma rede nacional de bancos de alimentos contra a fome e o desperdício. No final de cada feira, tudo o que não foi vendido na banca é levado para 193 instituições carentes cadastradas.
De acordo com nutricionista responsável pelo projeto, Denise Seidler, a cada edição chega a ser arrecadados 800 quilos de alimentos e, entre os mais doados, estão as folhas. Em 2010, foram destinados à filantropia 5,7 mil quilos de alimentos e, em 2011, esse número aumentou expressivamente, passando para 18,8 mil quilos.
