A chapa “Aprosoja Decidida, produtor mais Forte” venceu a disputa pela presidência da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT). Liderada pelo agricultor Fernando Cadore, de Primavera do Leste, a chapa recebeu 1.900 votos no pleito que definiu a diretoria que irá conduzir os rumos da associação pelo triênio 2021-23.
A chapa adversária, “Aprosoja para Todos”, que tinha à frente o agricultor Marcos da Rosa, de Canarana, recebeu 1.023 votos. Outros 82 agricultores votaram em branco.
O presidente eleito agradeceu a confiança dos produtores que o elegeram, afirmando que o resultado “foi uma vitória do produtor, confirmando a credibilidade que a atual diretoria conquistou junto à base”. Atualmente, Cadore é vice-presidente da entidade, dirigida por Antonio Galvan.
“Vamos trabalhar com empenho para conseguir atender todas as prioridades da base, e quero deixar claro que a eleição acabou hoje. A partir de agora, vamos nos unir e prol da entidade’, destacou.
Além de Fernando Cadore, a chapa vencedora também traz o nome de Lucas Costa Beber, agricultor em Nova Mutum, como vice-presidente.
Assista o depoimento que o novo presidente da Aprosoja-MT fez após o resultado da eleição:
Confira a opinião de Cadore sobre alguns dos temas importantes para o agronegócio mato-grossense, em respostas enviadas por ele ao Canal Rural na última semana:
Canal Rural: Entre os projetos em andamento na entidade, qual o senhor acredita ter mais potencial para ser mais explorado? E, caso o senhor seja eleito, qual o novo projeto ou área terá mais ênfase em seu programa de gestão?
Cadore: Dentre os inúmeros projetos que a gente tem que tocar na Aprosoja, ao que diz respeito à classificação têm sido dada bastante ênfase. Foi uma demanda dos produtores, que aumentou de quatro para nove o número de classificadores. E eles estão disponíveis para esclarecer as divergências naquele produto, coisa que acontece rotineiramente no nosso estado.
Dentro da classificação ainda, temos um projeto junto da UFMT [Universidade Federal de Mato Grosso] que faz análise dos grãos avariados. A gente constatou, em fase final, que o teor proteico, nutricional é igual ao da soja normal. Futuramente, vamos discutir isso para que se tenha uma precificação desses grãos.
Nesse cenário de classificação, a gente entende que o grande déficit no estado está na capacidade estática. Mato Grosso só tem 50% de capacidade estática e 40% está na mão do produtor. Então, nós vamos trabalhar para desburocratizar o crédito e estimular o crédito para que o produtor venha a armazenar.
Canal Rural: Como o senhor pretende trabalhar a relação entre produtor e sociedade? Como melhorar a imagem do campo junto à opinião pública em aspectos de sustentabilidade, segurança e abastecimento alimentar? Isso passa por educação e comunicação?
Cadore: A imagem do setor para a sociedade, sem dúvida nenhuma, precisa ser mudada. Nós entendemos, já temos trabalhado nisso. Existe uma desinformação. Nas últimas décadas, tivemos um êxodo rural. A sociedade está, sua maior parte, na área urbana. A gente precisa mudar essa cultura.
Como que muda isso? É trabalhando os jovens, as crianças e as futuras gerações com a ajuda dos meios de comunicação. Acho que a imprensa tem sim um papel muito importante nisso tudo, para desmistificar alguns assuntos e não levar informação distorcida. A gente entende que tem muita distorção de informação no nosso próprio estado, em que a base é agrícola. Precisamos começar o dever de casa, trabalhar a nossa base, as nossas casas, os municípios onde estamos instalados.
A gente já teve projetos com escolas na nossa gestão e vamos continuar trabalhando isso. Com certeza a interação entre escola, imprensa e o nosso setor é que vai mudar esse cenário.
Canal Rural: Mato Grosso ainda possui um grande déficit de armazenagem, cerca de 57%, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Se eleito, quais caminhos que serão trilhados pela entidade para sanar ou minimizar a deficiência?
Cadore: O déficit de armazenagem é um problema seríssimo que o nosso estado enfrenta. Ele existe há muito tempo e vem aumentando conforme a produção gradativamente vai aumentando no estado. Temos isso no nosso farol, inclusive temos um estudo que faz o mapeamento. O mais grave disso é que só 40% do que se tem instalado está na mão do produtor.
Nesse sentido, a gente vai trabalhar. É uma das principais propostas: conscientizar o nosso governo federal que o crédito para armazenagem precisa ser desburocratizado. Os valores das terras mudaram, tudo mudou. Precisamos tornar esse crédito acessível, desburocratizado e viável para o produtor. Primeiro, porque é uma questão de soberania nacional; o país precisa ter, no mínimo, a capacidade estática do que produz e, depois, vai desafogar os modais logísticos. A sazonalidade do frete sai a partir do momento em que você tem armazém. Então, a gente vai trabalhar para desburocratizar a armazenagem.
Canal Rural: Por que o senhor resolveu ser candidato e qual a sua principal bandeira na representação e defesa dos interesses da Aprosoja Mato Grosso?
Cadore: O que me motivou a colocar o nome à disposição para esta disputa do próximo triênio foi entender que a entidade Aprosoja precisa dar voz de fato aos verdadeiros produtores mato-grossenses. A gente sabe que a grande maioria, mais de 80% dos produtores de Mato Grosso, planta até 3.000 hectares; 50% cultivam até 500 hectares.
Nesta gestão que passou, na qual fui vice-presidente, entendemos isso. Hoje, posso dizer que a gente sintetiza os anseios da base. Toda tomada de decisão é feita em prol da maioria, e assim vamos continuar. Por entender que a base tem que ser quem manda de fato na entidade e o presidente e a diretoria não têm que ser nada mais do que a voz, isso nos levou a encarar esse desafio. E podem ter certeza de que nos elegendo é a base quem vai ditar as regras e os parâmetros na próxima gestão.