Porém, cadeia produtiva pede frete mais competitivo para que o transporte ferroviário seja adotado de vez
Manaíra Lacerda | Porto Nacional (TO)
O trecho da Ferrovia Norte-Sul, que liga Palmeirante, no Tocantins, até Açailândia, no Maranhão, escoou mais de um milhão de toneladas de grãos entre fevereiro e julho deste ano. A empresa que tem a subconcessão pretende aumentar a capacidade de transporte e atingir uma movimentação total de 5 milhões de toneladas por ano no estado.
A meta da empresa VLI deve ser alcançada já na safra colhida em 2016, quando serão concluídas duas obras de expansão dos terminais no Tocantins. Uma delas será em Palmeirante, onde já existe uma parte da ferrovia operando, outro trecho em Porto Nacional. O produto escoado pela ferrovia é exportado através do Porto de Itaqui, no Maranhão.
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Atualmente, no Terminal de Palmeirante, um trem com 7500 toneladas é carregado em 13 horas. Com a construção dos dois novos terminais, o mesmo processo deve ser feito em cerca de quatro horas, tempo três vezes menor.
Os terminais do estado estão sendo construídos para atender tanto a região do Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia] quanto os outros estados do entorno, como Pará, Mato Grosso e Goiás. De acordo co o gerente da VLI no Terminal de Porto Nacional Nilton Cordeiro, cada trem equivale a 200 caminhões e, segundo ele, o frete feito pela ferrovia é vantajoso.
– Essa inteligência é para ganhar em escala, transportando mais você oferece um frequência maior e consegue mais rentabilidade ao transportar pela ferrovia – afirma.
O presidente da Associação dos Produtores de Soja do Tocantins (Aprosoja-TO), Ruben Ritter, diz que o frete até o Maranhão gira em torno de R$ 200,00 por tonelada. Ele espera que a VLI cumpra a promessa e consiga manter o preço abaixo deste valor.
– O que nós temos visto é que quando se instalou a rodovia não houve redução do frente. Quem ganhou foi a concessionária. A diretoria da VLI assumiu o compromisso de que, quando o fluxo for grande, nós vamos sentir a diferença no frete – explica Ritter.
Apesar da Ferrovia Norte-Sul já escoar grãos a partir do Tocantins, o trecho que liga Anápolis, em Goiás, até Porto Nacional, no Norte do país, ainda não está funcionando plenamente. A empresa pública Valec tem a concessão da ferrovia e o direito de fazer subconcessões a empresas privadas, como faz com a VLI, mas uma mudança no modelo de licitações deve adiar o plano de ver todo o trecho em atividade.
– Na virada do ano, com todo o cenário econômico e político, o governo voltou a optar pelo modelo antigo de concessão, o modelo vertical. Hoje, o governo se estrutura para fazer esta concessão vertical e, com isso, houve impacto nos interessados. Normalmente, se leva de 5 a 10 anos para o uso em toda a plenitude de uma rodovia construída – argumenta o gerente de operações da Valec na Ferrovia Norte-Sul em Tocantins, Eduardo Molino.
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