O mercado de fertilizantes especiais teve mais um período de crescimento em 2022, encerrando o ano com elevação média de 33,2% e faturamento de R$ 22,193 bilhões. As informações são do Anuário da Associação Brasileira de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo).
Ainda que o aumento de preços tenha impactado a receita, a variação foi menor do que a observada em 2021. O aumento médio dos preços foi de 12,6% a 16,4%, dependendo da categoria de produto. Com esses dados, a entidade afirma que houve crescimento real da indústria.
Os resultados positivos foram, segundo a Abisolo, favorecidos pelos seguintes fatores:
- Expansão da adoção dos produtos da indústria pelos agricultores em função do aumento da percepção de valor;
- Crescimento da área plantada de culturas de grande importância econômica e o valor agregado aos produtos, decorrente dos ganhos tecnológicos incorporados;
- Maior investimento em tecnologia, considerando a atratividade dos preços das commodities agrícolas.
Protagonismo dos agricultores
O presidente do Conselho Deliberativo da Abisolo, Clorialdo Roberto Levrero, ressalta o protagonismo dos agricultores nos resultados do setor, uma vez que compreendem cada vez melhor os benefícios da utilização dos fertilizantes especiais para o aumento da produtividade no campo.
“Nossa indústria possui uma ampla variedade de soluções e entrega ótimos resultados a partir da compreensão das particularidades de cada produtor, de cada perfil de negócios e do ambiente onde está inserida a produção”.
Ao detalhar o crescimento do setor, o presidente da entidade esclarece que os dados apresentados se referem ao valor de venda da indústria para revendedores de insumos (51,5%), para cooperativas (10,1%) e para produtores (38,5%).
Em função desses percentuais, o valor total do mercado de fertilizantes especiais a preços pagos pelos produtores é significativamente superior.
Investimentos da indústria
Por parte da indústria de fertilizantes especiais, Levrero pondera a importância dos investimentos em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). Em 2022, o montante aportado nestas ações foram da ordem de R$ 460 milhões ante a R$ 440 milhões no ano anterior.
Outro ponto destacado pelo anuário da Abisolo é o crescimento dos negócios em todas as categorias de produtos, com destaque para os fertilizantes minerais especiais, com o crescimento de 37%, seguidos pelos fertilizantes orgânicos (25,5%) e pelos organominerais (22,7%).
Quando analisado o desempenho dos produtos, considerando o seu modo de aplicação, o maior destaque foi para os produtos para aplicação via solo, que tiveram crescimento de 66,2% em relação ao ano anterior, seguidos pelos de aplicação via folha (22,6%), os para aplicação via sementes (17,9%) e o para aplicação via fertirrigação e hidroponia (3,8%).
Ainda de acordo com o relatório, os cinco estados que mais consumiram fertilizantes especiais foram:
- Minas Gerais – 20,22%
- São Paulo – 16,4%
- Mato Grosso – 13,46%
- Goiás – 10,86%
- Paraná – 9,39%
Expectativas para 2023
Em relação às expectativas para 2023, o presidente informa que o setor segue otimista. “A pesquisa que realizamos indica uma expectativa de crescimento médio de 32% em 2023″, apontou Levrero.
Quanto ao mercado dos condicionadores de solo de base orgânica, o setor teve crescimento de 16,2% em 2022. Para a Abisolo, parte deste crescimento se justifica pelo aumento da conscientização dos produtores, visto a importância da construção e da recuperação do solo para o aumento da eficiência dos processos nutricionais e para melhoria da performance da produção.
Assim, a maior expansão se deu nos condicionadores sólidos (51,9%). Já os líquidos apresentaram retração nas vendas (8,4%).
A respeito do mercado dos substratos para planta, o faturamento em 2022 foi 7,9% superior no ano passado quando comparado ao de 2021. Porém, o desempenho ficou aquém das expectativas da indústria, que esperava um crescimento no consumo de hortaliças e de frutas – seus principais mercados.
A Abisolo ressalta que, em um ano de incertezas políticas, de alta inflação nos preços dos alimentos e de queda no poder de compra de uma parcela dos consumidores, as expectativas não se consolidaram.
O setor entende que 2023 será um ano de recuperação e dependendo da conjuntura, espera obter um crescimento maior do que 5%.