Fiesp: confiança do agronegócio no 2º trimestre é a menor da série histórica

Desde que o índice foi criado, em 2013, pontuação nunca foi tão baixa; Impactos da crise econômica nas vendas das indústrias de insumos agropecuários já é sentida

O Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), medido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), encerrou o segundo trimestre de 2015 em 82,8 pontos, queda de 2,7 pontos sobre os 85,5 pontos do primeiro trimestre de 2015 e de 9 pontos sobre os 91,8 pontos do segundo trimestre de 2014

Além de permanecer abaixo do limite de 100 pontos que separa o otimismo e o pessimismo do setor, o indicador de abril a junho deste ano é o pior da série histórica da pesquisa, iniciada no último trimestre de 2013, superando o indicador do trimestre anterior, que já tinha sido o mais baixo. 

A sondagem, divulgada nesta quinta, dia 16, também voltou a apurar o menor patamar da série histórica na confiança de todos os elos da cadeia: a indústria antes da porteira (insumos agropecuários), depois da porteira (alimentos) e os produtores agropecuários.

A confiança da indústria de insumos agropecuários caiu 7,6 pontos no segundo trimestre de 2015, para apenas 66 pontos, em relação ao levantamento anterior, quando o indicador registrou 73,6 pontos. Em relação ao segundo trimestre de 2014, quando o indicador atingiu 94,1 pontos, a queda foi de 28,1 pontos. 

Segundo a Fiesp e a OCB, o fraco desempenho das vendas de defensivos agrícolas, fertilizantes e máquinas no início do ano comprometeu a confiança deste elo da cadeia. Como exemplo, no caso de fertilizantes as entregas acumuladas de janeiro a maio de 2015 foram 12% abaixo do volume registrado em igual período do ano passado. 

O IC Agro apurou ainda que a confiança da indústria de alimentos recuou 2,3 pontos, de 88,1 pontos para 85,8 pontos, entre o primeiro e o segundo trimestres de 2015. Sobre o segundo trimestre de 2014, quando o indicador apontava 88,9 pontos, a queda foi de 3,1 pontos. Entre os produtores agropecuários, a confiança recuou de 87,7 pontos para 86,6 pontos entre o primeiro e o segundo semestre de 2015. No segundo trimestre de 2014, o indicador foi de 93,7 pontos. 

Segundo a Fiesp e a OCB, o desempenho negativo do IC Agro mostra que depois de iniciar o ano apreensivo com os reflexos negativos da crise econômica, o agronegócio agora confirma a preocupação, especialmente em relação ao crédito, mas também quanto ao aumento dos custos de produção e à redução dos preços em dólar das commodities.

Segundo o diretor titular do Departamento do Agronegócio da Fiesp, Mario Sergio Cutait, a queda da confiança do produtor e os impactos nas indústrias de insumos agropecuários, que de forma geral mostram forte retração nas vendas dos primeiros cinco meses do ano, podem trazer algum tipo de redução no pacote tecnológico aplicado na safra 2015/2016. 

– Mas, apesar dos indícios, ainda é cedo para afirmar as consequências para o período – informou Cutait.