Fim do núcleo de pesquisa e inovação da Embrapa em Campinas gera protestos

Agronegócio é um dos setores mais afetadosUsuários dos serviços do núcleo de Gestão Territorial Estratégica (GTE), área de excelência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Campinas (SP), reagiram à denúncia da extinção da unidade. Desde que assumiu o Centro de Monitoramento por Satélite, no fim de 2009, a atual direção vinha paralisando a prestação de serviços aos Ministérios da Agricultura, do Planejamento, aos órgãos da Presidência da República e às organizações da sociedade.

Um dos setores mais afetados é o do agronegócio, que usa os estudos do núcleo de Gestão para dimensionar as reservas florestais e áreas de agricultura e pecuária. Para a Associação Brasileira do Agronegócio de Ribeirão Preto (SP), a equipe técnica do GTE produziu dois estudos de gestão territorial, um deles enfocando a região de Ribeirão Preto e o outro a região nordeste de São Paulo.

O empresário do setor sucroalcooleiro, Maurílio Biagi Filho, conselheiro da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), considerou um desserviço para o agronegócio o fim do núcleo de pesquisa e inovação da Embrapa em Campinas. O GTE também vinha abastecendo com informações estratégicas outros setores, como o da segurança.

? É lamentável porque eles vinham fazendo um trabalho sério, com base científica, num setor em que geralmente falta serenidade ? afirma Maurílio.

Mapas produzidos com detalhes de até 50 centímetros foram usados na operação militar que resultou na ocupação do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O centro também apoiou o Exército nas ações de paz no Haiti e na proteção das fronteiras. A Casa Civil da Presidência usava a tecnologia para monitorar, via satélite, as mais de 400 obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Brasil.

Entre os projetos paralisados, estão levantamentos que ajudariam 60 cidades do interior paulista a planejar o crescimento urbano e a retirar moradores de áreas de risco. Apenas em Campinas, com o uso de satélites, o GTE identificou 17 áreas inundáveis, permitindo que a prefeitura planejasse intervenções de baixo custo.