Fique de olho: preço da soja sobe e abre oportunidade de negócio

Clima nos Estados Unidos tem provocado alta nas cotações da oleaginosa, que podem até voltar a romper a barreira dos US$ 10 por bushel

Daniel Popov, de São Paulo
Em menos de duas semanas os preços da soja subiram quase 6% nas principais regiões produtoras do país e também na Bolsa de Chicago. A principal razão para isso é a perspectiva de falta de chuvas e aumento da temperatura nas áreas produtoras dos Estados Unidos, justamente na fase de emergência das plantas. Isso pode trazer janelas de preços interessantes nos próximos dias, inclusive, com possibilidade de ultrapassar a barreira dos US$ 10 por bushel.

Antes de mais nada, isso não significa que o produtor deve esperar para vender, ou negociar todo o estoque de uma só vez. O analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da consultoria Safras & Mercado, garante que o ideal é vender aos poucos, aproveitando todos os preços em uma média, ou seja, negocia um pouco hoje por um preço razoável, amanhã com um preço melhor e por aí vai. “O produtor não pode cometer o mesmo erro e esperar preço excelentes. Isso pode não acontecer. O ideal é vender parte por um preço bom e deixar uma parte para tentar conseguir uma oportunidade melhor ainda, mas sempre vender”, diz.

Para se ter uma ideia desta evolução dos preços e onde ele pode chegar, na semana do dia 23 de junho, os preços da soja na Bolsa de Chicago estavam na casa de US$ 9 por bushel, e subiram constantemente até chegar nesta segunda, dia 3, a US$ 9,7 por bushel (contrato agosto) . Trazendo para o mercado físico, na mesma data de comparação, no porto de Paranaguá (PR) o preço cresceu quase 5%, chegando a R$ 72 a saca. No porto de Rio Grande (RS), o valor da saca cresceu 5,8% e chegou a R$ 72,5. Em Mato Grosso, a saca que era vendida por R$ 58 no dia 23, subiu 7% e chegou a R$ 62.

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O clima nos Estados Unidos tem gerado essa apreensão do mercado. E ao que tudo indica, a situação tende a se prolongar até pelo menos o inicio de agosto, apontou o Instituto de Meteorologia dos Estados Unidos (NOAA), órgão ligado à Nasa. A perspectiva é que a próxima semana faltará chuva no cinturão agrícola dos EUA, ao mesmo tempo que as temperaturas irão se elevar mais que o normal. “Já existem mapas do NOAA que mostram uma situação ainda mais complicada, com uma janela de quase 20 dias sem chuvas”, comenta meteorologista Desirée Brandt, da Somar Meteorologia. “O problema pode se estender até o começo de agosto. Mas, o produtor deve ficar de olho todos os dias, porque tudo pode mudar rapidamente.”

O que fazer?

Apesar de ainda ser cedo para dizer que o clima irá afetar ou não a produtividade americana, as especulações de mercado já a consideram um pequeno entrave e por isso precificam. O mesmo aconteceu no começo do ano, quando a saca chegou a ser negociada a R$ 80 em alguns portos do país. Ainda assim, muitos produtores apostaram em não vender e, no final, viram os valores caírem tanto a ponto de não compensar comercializar.

Para evitar isso, e considerando que a cada semana a situação pode se alterar, o analista recomenda que o produtor venda, aos poucos, a cada preço remunerável. Ou seja, sempre que o valor superar os custos de produção tentar vender um pouco. “Nem tudo, nem nada. O ideal é negociar partes do estoque, pois a cada dia uma oportunidade pode surgir. Mas, não adianta esperar, como antes, o ideal é vender”, explica Gutierrez.

Na semana que vem, no dia 12, o USDA irá divulgar mais um relatório sobre a produção mundial e o mercado está aguardando isso para fortalecer os preços, ou enfraquecer as altas. Em miúdos, se os americanos divulgarem que sua produtividade e produção serão menores, os preços ficarão fortalecidos. Caso contrário, as cotações tendem a cair. “Se as projeções forem de redução na produção americana, isso confirmará a expectativa do mercado e os preços podem romper a barreira dos US$ 10 por bushel”, garante Gutierrez. “Se a produção aumentar, isso contrariará a todos e possivelmente limitará a alta dos preços.”

Chegando a US$ 10 por bushel ou não, o ideal é o produtor aproveitar os US$ 9,70 atual, vender parte, se subir de novo, negociar mais um pouco e por ai vai. “Ninguém está garantindo que o preço irá subir, a ideia é ajudar o produtor a ter uma ideia do que está acontecendo”, finaliza ele.

O analista Carlos Cogo é da mesma opinião, assista:

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