O repórter Marcelo Siqueira acompanhou fiscalização de analistas ambientais do Instituto Chico Mendes, responsáveis pelo controle da área de aproximadamente 18 hectares que compõe a reserva.
Quando seguiam num bote inflável até a ilha do Arvoredo, a principal do arquipélago, os fiscais avistaram dois barcos pesqueiros retirando as redes do mar dentro da área de preservação ambiental, criada em 1990.
Decreto federal protege o ecossistema costeiro na região, rico em corais e peixes, além das 22 espécies ameaçadas de extinção nas porções de terra. O acesso público à área, que servia para competições de pesca, foi proibido.
Quando avistaram o bote com os analistas, pescadores de uma das embarcações tentaram recolher a rede e fugir, mas receberam ordens de parada de um analista, que conseguiu registrar a infração em fotografias.
Segundo informações repassadas pelos tripulantes, o barco havia saído no início da manhã da costa de Bombinhas, com a previsão de capturar pelo menos duas toneladas de sardinhas. O dono da embarcação, proprietário de uma loja de peças para carros em Governador Celso Ramos, foi multado e o barco apreendido.
Segundo barco
De longe, pescadores que estavam no outro barco praticando pesca clandestina, se apressaram para retirar a rede da água. Para tentar evitar o flagrante, cerca de uma tonelada de corvina foi jogada ao mar.
O mestre do barco era Júlio Cesar Wandall, que de acordo com os analistas ambientais já havia sido autuado outras três vezes por pesca ilegal. A embarcação pertence a um dos maiores empresários do ramo da pesca de Florianópolis, dono de uma peixaria no Mercado Público. Ele foi multado em R$ 70 mil.
O proprietário da peixaria disse que os pescadores apenas lavavam a rede e que o barco foi arrastado pelo vento forte para a área da reserva marinha.
? Estavam simplesmente lavando a rede no limite onde pode se pescar. No momento, nosso barco foi abordado sem o peixe ? explica Marcelo Jacques.
Fiscalização
Três funcionários do instituto são responsáveis pela fiscalização em toda a reserva. Nem sempre a recepção aos analistas ambientais é amistosa. Um dos funcionários teve um osso do braço fraturado ao ser agredido por um pescador no Calhau de São Pedro, uma das ilhas na área da reserva.
Desde o início do ano, 32 embarcações foram apreendidas em área de proteção ambiental, entre botes, canoas e lanchas. Junto com os barcos, estrelas-do-mar, conchas e restos de corais para comercialização.
As irregularidades não se restringem aos pescadores profissionais. Também foram apreendidas pequenas redes de pesca e arpões, que denunciam a caça-submarina clandestina.
Em julho deste ano o governo federal publicou novo decreto com penas mais severas aos infratores ambientais. Agora, as multas variam de R$ 50 mil a R$ 50 milhões. Também foi divulgado projeto que prevê a instalação de uma base na Ilha, para facilitar a fiscalização 24h.