A crise de saúde provocada pelo novo coronavírus tem um forte impacto na atividade econômica e, como resultado da pandemia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) passou a prever que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial vai cair a 3% este ano ante alta de 3,3% projetada em janeiro – muito pior do que durante a crise financeira de 2008 e 2009. Em 2019, o PIB mundial cresceu 2,9%.
Para 2021, no entanto, deve haver uma recuperação e o PIB mundial deve crescer 5,8% ante projeção de alta bem menor, de 3,4% feita no relatório anterior. Essa estimativa considera que a pandemia irá desaparecer no segundo
semestre de 2020, fazendo com que os esforços de contenção da doença possam ser gradualmente suspensos.
“Existe extrema incerteza em torno da previsão global. A performance econômica depende de fatores que interagem de maneiras difíceis de prever, incluindo os rumos da pandemia, a intensidade e eficácia esforços de contenção, a extensão das interrupções na produção, as repercussões do aperto das condições do mercado financeiro global, mudanças nos padrões de gastos e comportamentos e preços voláteis de commodities”, diz o FMI em relatório.
Muitos países enfrentam uma crise de várias camadas, segundo o Fundo, que compreende um choque de saúde, rupturas econômicas domésticas, queda da demanda, reversões no fluxo de capital e colapso nos preços das commodities. “Os riscos de um resultado pior predominam”, afirma o FMI.
Para mitigar os efeitos do novo coronavírus na atividade econômica, o Fundo recomenda políticas eficazes, entre elas o fortalecimento da capacidade e os recursos para o setor de saúde. “As medidas necessárias para reduzir o
contágio e proteger vidas afetarão a atividade econômica em curto prazo, mas também devem ser vistas como um investimento importante na saúde humana e econômica em longo prazo”, diz.
As políticas econômicas também precisarão amortecer o impacto do declínio da atividade nas pessoas, nas empresas e no sistema financeiro, segundo o FMI, que defende ainda medidas que garantam que a recuperação econômica possa começar rapidamente quando a pandemia desaparecer.
Brasil
Devidos aos efeitos da pandemia de covid-19, o FMI projeta queda de 5,3% da economia brasileira este ano.
No relatório divulgado em janeiro, antes dos efeitos da pandemia de covid-19 na economia brasileira, a previsão do FMI era que a economia brasileira cresceria 2,2% neste ano.
Para 2021, a previsão é de recuperação, com crescimento do PIB em 2,9%. A estimativa anterior para o próximo ano era 2,3%.
A previsão para América Latina e Caribe é de queda de 5,2% da economia, neste ano, e crescimento de 3,4%, em 2021.
“Entre os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento, todos os países enfrentam uma crise de saúde, um severo choque de demanda externa, um aperto dramático nas condições financeiras globais e uma queda nos preços das commodities, que terão forte impacto na atividade econômica dos exportadores de commodities”, diz o relatório.
China
Para China, a entidade também revisou para baixo sua projeção para o crescimento da economia do país este
ano, para 1,2%, ante projeção anterior de alta de 6,0%, divulgada em janeiro. A previsão para o ano que vem, por sua vez, foi revisada para cima, de 5,8% para 9,2%. Em 2019, a economia chinesa avançou 6,1%.
Segundo o FMI, a revisão para baixo nas projeções para 2020 refletem os impactos das medidas adotadas para conter a disseminação do novo coronavírus, inicialmente detectado na província chinesa de Hubei, em dezembro do ano passado.
Na maioria dos países, os impactos econômicos da pandemia serão sentidos no segundo semestre, mas na China será no primeiro.
“As prolongadas férias do Ano Novo Lunar, a reabertura gradual de negócios não essenciais no país e baixa demanda por serviços como resultado do distanciamento social implicou uma perda significativa de dias de trabalho e
uma contração severa na economia do primeiro trimestre”, segundo o FMI.
Além disso, o governo da China anunciou apoio fiscal significativo para setores e trabalhadores fortemente impactados. O governo chinês também suspendeu temporariamente o pagamento de impostos, seguridade social, hipoteca e aluguel para áreas e setores mais afetados.