O governo de Rondônia pretendia realizar uma coletiva de imprensa nesta terça-feira, 1º, para marcar o início das atividades da Força Nacional no estado. Porém, o evento foi cancelado e, segundo a assessoria, não há previsão de quando deve acontecer. Dessa forma, também será postergado o começo das ações.
No fim de abril, o governador Marcos Rocha, acompanhado de outras autoridades, foi à Brasília pedir apoio do grupo no controle de invasões de propriedades rurais. Os episódios acontecem desde 2020 na região e têm ficado cada vez mais violentos.
De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, Hélio Pachá, cerca de 100 policiais fardados da Força Nacional serão recebidos para atuar em atividades ostensivas como patrulhamento, embates e execução de operações. Outros 50 membros da polícia judiciária serão designados para ajudar nas investigações.
“Já estamos contando com apoio das Forças Armadas e da Abin [Agência Brasileira de Inteligência], mas com apoio da Força Nacional, nós esperamos concluir todas as investigações e também a captura dos líderes deste grupos responsável pelas invasões. Nossas forças estaduais também atuarão em conjunto”, expôs Pachá.
O secretário afirma que há três áreas de atuação prioritária: a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, no sul do estado; a Fazenda Santa Carmen, próxima ao extremo norte da federação; e as imediações da rodovia BR-429, no centro do estado. Mas outras propriedades também devem ganhar maior vigilância já que há relatos de ameaças de invasão.
“As ameaças são feitas no próprio local. Alguém chega nos funcionários da fazenda e avisa que eles devem deixar o local, porque uma invasão vai acontecer nos próximos dias. O grupo não tem conseguido progredir, porque estamos com uma forte vigilância e atuação, mas as ameaças continuam”, alerta o secretário estadual de Segurança Pública.
Invasão, tortura e destruição
No fim de abril, o Canal Rural mostrou imagens da fazenda Santa Carmen. O espaço foi invadido no dia 21 de abril por cerca de 40 homens fortemente armados. Eles torturaram funcionários e depredaram todos os patrimônios do imóvel. Segundo o dono da fazenda, o prejuízo foi de mais de R$ 2 milhões.
Outra fazenda invadida é a Novo Brasil. A invasão contou com a permanência dos criminosos na propriedade. Há relatos de assassinatos de policiais na região, supostamente realizados pelo mesmo grupo.
Já a fazenda Nossa Senhora Aparecida, localizada em Chupinguaia, permaneceu invadida de agosto de 2020 até o último dia 25. Foram nove meses do imóvel tomado por integrantes da Liga Camponesa dos Pobres (LCP), segundo a secretaria de Segurança Pública. No final de abril, o proprietário Antônio Afonso conversou com a equipe do Canal Rural.
“É uma coisa inexplicável. Só quem vive sabe o que tá acontecendo. Você está produzindo, plantando e colhendo, fazendo de tudo para melhorar o país e, de repente, do dia pra noite um bando de gente entra na propriedade, acaba com tudo, queima a casa, o curral, o maquinário. Impede de produzir, cortam as pontes para que não se possa escoar a produção”, relatou.
No dia 14 de maio, policiais militares que patrulhavam a região da Fazenda Nossa Senhora Aparecida entraram em confronto com os invasores do espaço. De acordo com o boletim de ocorrência número 61804/2021, os membros da Liga Camponesa dos Pobres ameaçaram policiais com facões, enquanto arremessavam pedras e outros objetos contra as patrulhas. Assim que uma integrante disparou contra a força policial, usando uma revólver calibre 38, houve o embate. Quatro pessoas foram presas e dezenas de objetos foram apreendidos.
Após este episódio, no último dia 25, os invasores decidiram deixar a Fazenda Nossa Senhora Aparecida voluntariamente. O espaço já possuía ordem de reintegração de posse com prazo para saída voluntária até 29 de junho de 2021.
Ao todo, quase 100 propriedades rurais foram invadidas nos últimos meses, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.