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Força-tarefa retira peixes em áreas afetadas por melaço nos rios Turvo e São Domingos

Depois do incêndio em um galpão de açúcar da empresa Agrovia S.A., em Santa Adélia, material contaminado avançou sobre a cidade e chegou à nascente do São DomingosA polícia ambiental de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, iniciou a retirada dos peixes das áreas afetadas pelo melaço provocado pelo incêndio em um dos galpões de depósito de açúcar da empresa de logística Agrovia S.A., em Santa Adélia, há pouco mais de uma semana. Depois de gerar a morte de cerca de duas toneladas de peixes no rio São Domingos, a poluição chegou ao rio Turvo, um dos principais da região, e já atingiu diversas cidades.

A mancha de poluentes não para de avançar. Técnicos da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) e policiais ambientais realizam uma avaliação no local, que passa por Olímpia (SP).

Sidney Maria Pereira é pescador no município de Onda Verde, a cem quilômetros do local do acidente. Com o que pesca no rio Turvo, ele alimenta toda a família. Pereira mora há 35 anos na região e, pela primeira vez, não sabe o que fazer, já que a poluição tomou conta das águas.

– Aqui não tem alternativa, a piracema morreu toda. O lambari morreu 100%. A piapara e a curimba vão morrer em torno de 80%. Não tem como sobreviver, não. Do Turvo, acabou.

Outras 350 famílias de pescadores vivem na região e sobrevivem da pesca. O rio Turvo é considerado um dos berços ecológicos da região Noroeste do Estado. Em Onda Verde, pescadores e policiais ambientais se uniram para salvar os peixes, mas a ajuda chegou tarde. Centenas de peixes já foram contaminados. Algumas espécies, como o jaú, são da piracema do ano passado e ainda estavam em desenvolvimento. Sem oxigênio, a espécie não vai sobreviver.

A presidente da Associação de Defesa do Meio Ambiente dos Rios Turvo e Preto (Amertp), Gisele Paschoeto, afirma que são 23 espécies de peixes que vivem no rio, sendo três delas novas, que ainda passavam por processo de identificação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

– Além de ser um berçário de peixes, um rio de importância para o ecossistema, há também a importância científica, já que o mundo estaria virado para esse rio para estudar essas três espécies, que não foram identificadas em local algum antes. Elas estão simplesmente destruídas pela ação do homem – disse Gisele.

Para o deputado estadual e presidente da Câmara Setorial da Pesca, Sebastião Santos, o rio Turvo já está “praticamente morto” e há risco de que a contaminação atinja o rio Grande, onde o Turvo deságua.
 
– Pelo que conhecemos da última catástrofe que aconteceu com esse rio, em menos de cinco anos não teremos essas espécies aqui no rio – estimou Santos.

No dia 25 de outubro, 28 mil toneladas de açúcar foram queimadas e viraram um melaço que caiu no ribeirão São Domingos e invadiu ruas e residências. No local, funcionários ainda resfriam o armazém, já que há risco de novos incêndios. O estabelecimento foi cercado com terra para evitar novos vazamentos de açúcar no rio. Funcionários trabalham para limpar o melaço que se formou. O prefeito de Santa Adélia, Marcelo Herco, afirma que a empresa está trabalhando para conter a poluição, mas que nenhuma atitude deve ser tomada contra ela por enquanto.

– A empresa está com toda a documentação em dia e é geradora de empregos, a gente tem acompanhado o trabalho deles. Eu entendo que tudo o que foi possível para evitar que o material chegasse ao rio a empresa fez. Ela tomou as providências necessárias, mas, infelizmente, o vazamento ocorreu de madrugada e não foi possível conter. Acidentes acontecem e é claro que ninguém quer que aconteça. Nós vamos avaliar e verificar as medidas que serão necessárias.

A Cesteb informou que conseguiu salvar cinco toneladas de peixes antes da poluição avançar pelo rio Turvo. Eles foram soltos a 200 quilômetros de distância do local do acidente. A Cetesb informou ainda que está verificando a extensão do acidente e que só assim vai definir o valor da multa que será aplicada à Agrovia. Os prejuízos calculados até agora somam cerca de R$ 24,8 milhões.

Catanduva

A prefeitura de Catanduva, um dos municípios por onde passsa o rio São Domingos, também realiza uma força-tarefa com cerca de 80 voluntários para retirada dos peixes mortos no rio. Durante um dia, quatro equipes retiraram do rio aproximadamente 300 quilos de peixes do São Domingos, entre cascudos, tilápias, lambaris, curimbas e bagres. 

Uma das preocupações mais imediatas é a questão da saúde pública, já que não há mais o que ser feito, pois o açúcar é solúvel e não há tecnologia para removê-lo ou retirá-lo da água.
– A contaminação da água e os restos mortais dos peixes representam um risco para a saúde da população, por isso é um ato de extrema importância a retirada dos peixes, e mostra que Catanduva tem uma grande preocupação nas questões ambientais – alerta   secretária de Meio Ambiente, Kátia Casemiro.

>> Confira a galeria com fotos da contaminação nos rios

>> VÍDEO: Técnicos trabalham para limpar melaço de açúcar em São Paulo

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