Diante da realidade em que houve uma nítida substituição do médio capital próprio do produtor pelo crescimento do crédito rural, a agropecuária do país passou a demandar maior garantia de segurança e transparência nas negociações com as instituições financeiras.
De acordo com o economista, professor da USP e consultor da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Guilherme Dias, nesta guinada o produtor passou a enfrentar um mundo de contratos sofisticados que não esclarecem as condições do negócio e sequer amparam como deveriam. Em decorrência disso, a inadimplência assustadora da classe rural hoje é uma das maiores preocupações do governo e da iniciativa privada.
E o problema não pode esperar para ser resolvido, adverte o coordenador do Departamento Técnico-Econômico da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola:
? É preciso lembrar que o curto prazo bate à porta do produtor.
Ele destaca que o sistema de Seguro Rural não está funcionando, e que o descontentamento dos agricultores é generalizado.
? Nós temos que ter a sustentação do seguro para o crédito. O produtor não vê sustentação nas seguradoras ? diz.
A grande proposta está na aplicação de um projeto que restabeleça uma relação de confiança entre o produtor e os bancos. Guilherme Dias aposta em uma nova estrutura de funcionamento, com a criação de uma central de risco de crédito, com financiamento integrado; análise de carteiras de crédito; e tratamento equiparado entre o capital do produtor e o das instituições financeiras.
? Nessa reforma, o ponto crítico é uma negociação que busque caminho para trocar alíquotas menores por maior transparência fiscal do produtor. E o Simples Rural é a fonte de inspiração ? declarou Dias.
Ele explica que a principal vantagem do Simples é o pagamento de uma única alíquota, o que colabora para desonerar o setor, que patina na crise. Livrar-se da sobrecarga tributária, segundo os painelistas presentes no Fórum Canal Rural, é um dos importantes pontos de estímulo para crescimento do setor nos próximos anos.
? Deve-se fazer um estudo prospectivo do agronegócio mundial até 2025 ? aposta o pesquisador Décio Gazzoni, gerente do projeto de agenda agrícola da Subsecretaria de Desenvolvimento Sustentável da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Embora também pinte a crise no setor agropecuário com o mesmo nível de urgência que os demais debatedores, Gazzoni reforça a necessidade de estudos para mapear os problemas que o setor enfrenta atualmente, além de projetos para definir como o Brasil passará a atuar nos mercados internos e externos a longo prazo.