Uma vez concluído o processo de saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, o Brasil por meio do Mercosul deve ser um dos primeiros países a selar um acordo com os britânicos. Esse foi o sentimento com o ministro da Economia, Paulo Guedes, saiu de uma reunião com seu contraparte britânico, Sajid Javid, realizada paralelamente ao Fórum Econômico Mundial, em Davos.
A perspectiva do ministro leva em conta que, na Europa, o país é um dos que têm menos resistência e barreiras a produtos e serviços. No encontro de quarta-feira, 22, a interpretação foi de que uma vez decidida a saída do maior bloco comum, os britânicos têm pressa para fechar novas frentes de negócios. Há três semanas, o primeiro-ministro Boris Johnson passou a entrar diariamente em contato com todos os chefes de Estado para buscar uma aproximação. Há cerca de dez dias, o presidente Jair Bolsonaro também foi contatado. Os dois falaram sobre estreitar investimentos.
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Num primeiro momento, o acordo deve ser integrado por todos os membros do Mercosul, mas se não houver exigências de cotas é até possível que o pacto seja feito diretamente com o Brasil.
“Com o Brexit, o Reino Unido vai mergulhar em uma piscina nova. Pode fazer novos contratos, mergulhar em águas novas”, comentou Guedes. Para o Reino Unido, o Brasil é um mercado relevante. O país chegou a ser citado no primeiro projeto do Brexit, ao lado de Índia, Estados Unidos e China, como principais potenciais parceiros comerciais após o ‘divórcio’. “Nós queremos e eles querem”, resumiu Guedes
Os dois também falaram sobre um acordo de bitributação e Javid anunciou que virá ao Brasil ainda este ano. Além disso, o ministro britânico também reforçou o apoio à entrada do país na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Acordo comercial também foi o tema principal do encontro de Guedes com a ministra de Comércio da Coreia do Sul, Myung Hee. Segundo ele, um projeto de acordo está avançado com o país asiático assim como com o Canadá. No Japão, as conversas são ainda iniciais. Também nesse caso, é esperado que todo o Mercosul participe do acordo. “Dissemos sempre a mesma coisa em Davos: ‘Nós vamos abrir (a economia). Estamos no pressuposto de que a Argentina vai acompanhar. Se não acompanhar…'”
Reformas
A empresários e investidores com quem se reuniu no fórum, em evento fechado, Guedes garantiu que o governo atual fará reformas até o seu último dia, segundo relatou a jornalistas. Segundo relatos de participantes do encontro, Guedes destacou a aprovação da reforma da Previdência, lembrando que havia lançado o compromisso um ano antes. Agora, ele disse que também conta com progressos nas reformas tributária e administrativa.