Painel técnico Semeando qualidade: o fator semente na produtividade colocou em questão tema sensível nesta safra em Mato Grosso: a qualidade dos grãos para cultivo
Rikardy Tooge | Alto Garças (MT)
No segundo dia de Abertura Oficial da Colheita de Soja um painel técnico tratou da qualidade das sementes nesta safra. O vigor das sementes tem sido um tema sensível para os produtores de Mato Grosso, maior produtor de soja e de sementes do país.
Em novembro, a Expedição Soja Brasil constatou o problema na qualidade das sementes, quando produtores receberam sementes mofadas. O debate colocou técnicos, produtores e governo para discutir o que pode ser feito para melhorar a qualidade da produção.
• Artigo: Qualidade das sementes
O pesquisador da Embrapa Soja José França Neto fez uma apresentação ressaltando a importância de uma boa semente. França Neto ainda lembra que em momentos de veranico, como o Centro-Oeste tem enfrentado nesta safra, um grão de alto vigor é fundamental para superar o estresse hídrico.
– O sucesso da lavoura depende de sementes de alta qualidade, para possibilitar plantas com bons desempenhos. Em momentos de veranicos, isso faz diferença, pois a raiz será maior, mais radicular e sofrerá menos com a falta de chuvas. O produtor tem direito de cobrar semente de alto vigor – pontua.
O fiscal federal do Ministério da Agricultura José Silvino Filho apresentou dados de produção de semente no país. Segundo ele, o Brasil possui 18,5 mil campos para produção de sementes, equivalente a 1,7 milhões de hectares. Mato Grosso representa 19,95% dessa produção, totalizando 2566 campos e 343 mil hectares.
Silvino Filho afirma que a fiscalização é feita antes do início do plantio, só que não há legislação que fiscalize o vigor da semente, apenas a germinação (deve ser no mínimo de 80%). O Soja Brasil mostrou caso de produção de semente com 30% de vigor. O fiscal pede mais discussões para que saia possíveis soluções.
– O Mapa é normatizador, para mudar alguma regulação é necessário embasamento técnico e ouvir os envolvidos. Mas a discussão precisa ser ampliada, pois o objetivo é único – reforça.
A produtora rural e agrônoma Roseli Munis Giachini pede mais fiscalização e análise das sementes de fora do Estado. Segundo ela, os dados das sementes produzidas em Mato Grosso são claros, mas as sementes produzidas em outras regiões não possui controle.
O coordenador do Comitê Técnico da Abrass (Associação Brasileira dos Produtores de Semente de Soja), Elton Hamer, comenta que o custo de produção de sementes é alto e necessita de muita técnica de quem se dispõe a seguir nesse ramo. Ele lembra que o produtor de sementes precisa de compromisso com o seu negócio.
– Esse comitê vai discutir como melhorar na qualidade das sementes. O produtor precisa ter compromisso com o que faz. Mais tecnologia exige mais resultados e mais controle – explica.