O setor produtivo da soja discutiu durante o Fórum Soja Brasil desta quinta-feira, dia 14, na Expodireto Cotrijal, uma antiga reclamação do setor produtivo: o futuro do acordo do Mercosul. Para representantes do governo e do mercado, que participaram do debate, não há dúvida que o pacto atual é maléfico para o país e necessita de mudanças urgentes para que o setor produtivo não seja ainda mais penalizado.
Dados do Banco Mundial apresentados pelo economista chefe da Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, palestrante que abriu o debate desta quinta. mostram que, entre 189 países, o Brasil e a Argentina ocupam a segunda e terceira posição, respectivamente, em questão de dificuldade para fazer negócios. “E são as duas maiores economias do Mercosul. Tem como dar certo um acordo assim?”, indaga.
Com mais de 30 anos desde que foi instituído, o acordo foi descrito como antigo e danoso para o mercado brasileiro por Luz. “O Mercado Comum do Sul é um clichê ruim e que precisa ser derrubado. Me dói o coração quando eu ouço da boca de produtores que o acordo do Mercosul pode ser bom para o Brasil e para o agronegócio”, afirma ele.
Fim do acordo?
O deputado estadual Ernani Polo também concorda de que o tratado de comércio não tem proporcionado benefícios ao país e muito menos aos produtores. “O Mercosul foi idealizado para ser semelhante a um acordo existente entre os países da Europa, mas, na prática, ele não funciona e isso afeta o agro de maneira acentuada”, diz.
Para Polo, ou muda-se a regra atual ou se rompe o acordo. Ele ainda ressalta que o pacto é uma via de uma mão única. “Os produtores são os grandes prejudicados com essas regras de 30 anos atrás”, acrescenta o deputado.
FPA quer refazer pacto
Assim como os outros dois palestrantes, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Alceu Moreira, não há como manter o pacto como está e sinalizou a necessidade de criação de um fórum em Brasília, capaz de reunir todo o setor produtivo e debater uma proposta viável para todos países.
“Não tem como manter esse acordo do Mercosul como está. Temos que encontrar algo que seja bom para todos. Queremos resolver o Mercosul, sim, e temos que nos organizar. É possível construir um texto muito melhor e atual, que seja criativo, generoso e inteligente. Vou buscar fazer esse fórum para trabalharmos neste novo pacto, e quero fazer isso até junho”, afirmou Moreira.
Moreira garante que a ideia não é romper com os países vizinhos ou gerar embates comerciais prejudiciais para o comércio entre os países. “Não estamos fazendo isso para provocar problemas, mas queremos que o acordo seja bom para eles e para nós. Quero convocar toda a cadeia do agronegócio e debater isso”, finaliza.