Soja

França liga soja a desmatamento na América do Sul e busca autossuficiência

País quer aumentar em 40% a produção de proteína vegetal nos próximos três anos, com destaque para a oleaginosa

Close em mãos segurando um punhado de soja
Presidente francês já fez duras críticas ao Brasil por conta do desmatamento. Foto: Roberto Kazuhiko Zito/Embrapa Soja

O Ministério da Agricultura e Alimentação da França lançou nesta terça-feira, 1º, um plano estratégico para aumentar em 40% a produção de proteína vegetal no país nos próximos três anos. Para isso, foi firmado um compromisso que envolve o governo e os setores de óleos, proteína vegetal e pecuária.

A pasta destaca que o país não é autossuficiente na produção de proteína vegetais para consumo animal e humano. “A França produz apenas metade dos materiais ricos em proteínas necessários para a alimentação animal (soja, semente de colza ou farinha de girassol, etc)”.

De acordo com o ministério, aumentar a produção francesa é uma “questão de soberania”, visto que o país acaba dependente dos mercados mundiais e das importações, “em particular de proteínas vegetais sul-americanas como a soja”.

Para viabilizar a execução do plano, o governo francês vai aplicar 100 milhões de euros só neste primeiro momento. “Serão disponibilizados recursos financeiros sem precedentes para iniciar a implementação deste plano de dois anos”, informa.

Atualmente, quase 1 milhão de hectares franceses são semeados com espécies ricas em proteínas vegetais: soja, ervilha, leguminosas, alfafa, leguminosas forrageiras, etc. Em menos de 10 anos (até 2030), as áreas serão duplicadas para chegar a 8% da área útil agrícola, ou 2 milhões de hectares.

Críticas à produção de soja na América do Sul

O presidente Emmanuel Macron já criticou diversas vezes o Brasil por conta do avanço do desmatamento na Amazônia. A preservação do meio ambiente é, inclusive, um dos motivos do governo francês para se opor ao acordo entre Mercosul e União Europeia.

No anúncio do plano estratégico, o ministério volta a tocar na situação da produção da oleaginosa na América do Sul. “As importações de soja podem ser responsáveis ​​pelo desmatamento, degradação florestal e destruição de ecossistemas naturais em alguns países produtores”, diz, sem citar especificamente o Brasil.

Além disso, a França afirma que o cultivo de leguminosas promove a biodiversidade do interior do país. “As leguminosas com a capacidade de fixar o nitrogênio do ar e transformá-lo em nitrogênio que pode ser usado diretamente pelas plantas reduzem a necessidade de fertilizantes nitrogenados”, pontua.

No acumulado de 2020 até outubro, os franceses importaram 1,529 milhão de toneladas de soja brasileira, segundo dados do Ministério da Economia. No passado todo, foram 1,956 milhão de toneladas. Mais da metade do farelo de soja importado pela França sai do Brasil.